Artigo: Caicó: Enquanto as eleições não vêm…

Por Antônio Neves

Professor/historiador e observador político.

Enquanto o coronavírus corrói vidas no mundo inteiro, bagunça economias e mercados, deixando outros tantos paranoicos com medo das suas mazelas, cá entre nós outro assunto cai no quase esquecimento – eleições municipais. Em Caicó, pré-candidatos continuam nos bastidores buscando viabilizar e fortalecer alianças que lhes garantam bons resultados no abrir das urnas em outubro próximo, isso, se a moléstia do novo coronavírus permitir.

As eleições de 2020 serão atípicas, ocorrerá na ressaca da crise da pandemia viral e no meio do agravamento da crise econômica e social que tomará proporções ainda não calculadas, mas por aqui, partidos e pré-candidatos continuam a fazer seus movimentos políticos para obter o melhor resultado: análises apontam que, até o momento, não há uma pré-candidatura com musculatura fortalecida o suficiente para ganhar as eleições com a folga desejada; o médico Judas Tadeu, pretenso pré-candidato do grupo vivaldista, aliado circunstancial do bloco governista que reúne os partidos que dão sustentação e apoio a governadora Fátima Bezerra (PT), sonha com uma composição onde possa reunir de comunistas a petistas, até pedetistas e outros aliados, porém, suas movimentações não tem sido suficientes até agora para consolidar a intenção de ter a governadora Fátima Bezerra e o PT no seu palanque, além do PCdoB do vice-governador Antenor Roberto.

Engessado por uma tímida movimentação partidária, Tadeu que deverá está se filiando ao PSDB, dá um passo pra frente e dois para trás, sem, no entanto, avançar no principal, que é garantir ao seu palanque, a credibilidade e a unidade partidárias necessárias para construir uma aliança popular vitoriosa, consequentemente no seu rastro, o pré-candidato do PSB, Arthur Maynard tem obtido significativas adesões, sem que isso signifique garantias de um palanque competitivo e vitorioso, há quem o enxergue com olho torto, alegando que suas articulações não inspiram confiança política.

BATATA E A CRISE

Talvez a crise da pandemia coronavírus esteja sendo positiva para a administração do prefeito Batata, também pré-candidato a reeleição, agora no MDB (aquele partido a quem em 2016 ele dizia ser a velha política; lembra?); Batata tem enfrentado a crise de forma lúcida com a atenção e disposição exigida de um gestor, assim, é possível que diante este quadro o tubérculo tire algum proveito da situação e ganhe alguns pontinhos nas pesquisas, mas para isso, tem um problema pela frente, construir um palanque renovado de apoios e que convença eleitoralmente, já que rompeu com todos os principais partidos e aliados responsáveis pela sua vitória em 2016. Diante as novas investidas, Batata espera atrair seu até ontem aliado, o vereador Rangel, também pré-candidato pelo PDT, a lhe apoiar com, no mínimo, indicando o candidato à vice, garantindo assim, uma renovação da imagem e da credibilidade do seu palanque que já foi administrativamente testado, investigado e por hora anda desacreditado, precisando recuperar o apoio popular. Resta saber se o vereador Rangel, hoje um liderado do seu filho Tales Rangel (pré-candidato a vereador), aceitará as condições que o MDB de Batata/Lobão tem para lhe oferecer, caso contrário, poderá ter sua candidatura esvaziada por manobras palacianas, pois em se tratando de eleições, o MDB de Caicó só olha para o próprio umbigo.

E AS ESQUERDAS PARA ONDE VÃO?

  A mais consistente pré-candidatura das esquerdas caicoense a prefeitura de Caicó, a da diretora do CERES, Sandra Kelly (PCdoB) já não faz parte do cenário eleitoral, a mesma retirou, por questões de ordem profissional, seu nome da disputa, restou o vácuo de um nome competitivo para encarar o desafio, mas a esta altura, não há esse nome, os que haviam foram tragados por inoperâncias partidárias: PT, PCdoB e Psol deverão participar das disputas eleitorais em palanques sem unidade à esquerda, não alcançaram a maturidade necessária para promover um debate sério e contextualizado sobre um projeto político-partidário-eleitoral; a estas legendas restará um papel secundário, pavimentado sob interesses menores, disputas internas e externas, e alguns aloprados exigindo uma reciprocidade que nunca ofereceram… O PCdoB até que tentou, ofereceu um protagonismo articulado, vem buscando construir a unidade, mas perdeu o que mais somava – a pré-candidatura a prefeito – resta agora esperar o mês de junho e ver o que surgirá das convenções; porque, por enquanto, o coronavírus tem sido o melhor candidato para fazer as pessoas lembrarem que haverá vida após a crise e muitos desafios, após as eleições!

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