100 anos do nascimento de Zé Borracheiro: uma das figuras folclóricas mais conhecida de Caicó.

José Inácio de Araújo,filho de Inácio Jerônimo de Araújo e Serafina Nazária de Araújo nasceu aos 02 de outubro de 1920 no sítio Melancia município de Caicó, RN. Conhecido como Zé Borracheiro, sua profissão era sapateiro. Dedicou-se a confecção de sapatos que supria as necessidades da comunidade caicoense, principalmente do Seminário diocesano e do Ginásio Diocesano Seridoense sob frequentes encomendas de Monsenhor Walfredo Gurgel.

José Inácio era um homem de posses na década de 40 onde possuía duas sapatarias na cidade de Caicó. Aos 14 de dezembro de 1949 casou-se com Eufrásia Eulina Dantas filha de Zé Macário e Necy Dantas. O casamento foi prometido pelo pai da noiva que inicialmente prometeu a filha Eunice Eulina, mas terminou casando com Eufrásia com quem teve 12 filhos: Luzia ( falecida criança), Luzinete, José Inácio Filho ( falecido no Amazonas), Lindomar, Lucinete, Joacy, Lucineide, Jaldiaci, Jaldecy, Luciene, Lucélia e Jaime. Ele com 29 anos de idade e ela com 18 anos iniciaram suas vidas trabalhando juntos em sapataria.

Carnavalesco por natureza, Zé Borracheiro foi um dos fundadores da antiga sede dos morenos. Boêmio nas noites de carnaval seguia o bloco Zé Pereira e grupo dos morenos. Nas noitadas e conversas de botequim, Zé Inácio começa a abusar da bebida alcoólica, amanhecendo em bares e antigos cabarés da rua Marinheiro Manoel Inácio. Nessas idas e vindas começa a perder o patrimônio familiar, temendo perder a casa de moradia, Monsenhor Walfredo Gurgel consegue com que ele se case civilmente aos 14 de maio de 1951 data em que registrou a segunda filha do casal.

O casamento civil impediu José Inácio vender a casa da família situada no antigo largo da matriz de são José hoje rua Marinheiro Manoel Inácio. Essa referida casa foi construída com muitos sacrifícios com dinheiro de borracharia. Com a venda das antigas sapatarias, o velho borracheiro também trabalhou em caeiras de cerâmicas fazendo tijolos com a ajude de alguns filhos.

Segundo os depoimentos dos mais velhos, Zé borracheiro era um homem de Deus, sua humildade e honestidade eram marcas de sua personalidade humana. Nos momentos de embriagues, discursava em praça pública, cantava e fazia manobras impressionantes em sua velha bicicleta “burra preta”.

Quando estava sóbrio era um homem bastante sério e reservado.
Em um momento de sua vida ao se dirigir para o sítio Pedra Branca onde cultivava feijão, batata, milho e melancia foi atropelado gravemente. Com poucas condições financeiras para o tratamento pulmonar que foi perfurado durante a queda, sua filha mais velha escreveu uma carta para o Presidente da República Garrastazú Medicci expondo o acontecimento e condições da família. A resposta veio positiva e José Inácio foi conduzido para a capital do estado na busca de um tratamento de saúde. Após esse fato Zé borracheiro deixa o alcoolismo passando a se dedicar ao artesanato com borracha onde confeccionava tambores de colocar lixo e tinas para a ração do gado bovino.

Apesar de alguns desentendimento do casal por causa do alcoolismo, o amor entre ambos era intenso. Em seu leito de morte José Inácio pede a sua esposa para que ela não se case novamente após ficar viúva.

Aos 14 de Janeiro de 1979, com 59 anos de idade, José Inácio de Araújo falece vitima de Acidente Vascular Cerebral, entrando para a história de Caicó como fundador dos antigos carnavais e como uma figura folclórica da cidade pelas suas incríveis manobras na bicicleta burra preta.

Por Andinho Duarte*

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