Entre os 34 profissionais da área de saúde que foram detectados com a Covid-19 e vieram a óbito até sábado (8) no Rio Grande do Norte está o condutor de ambulância do Samu Jussier Fernandes. Descrito pelas irmãs Jucilene e Juciara como uma pessoa brincalhona, Jussier não dispensava uma boa descontração com cerveja e churrasco. A infecção pelo novo coronavírus, no entanto, interrompeu a história de um homem que durante a vida ajudou a salvar outras pessoas.
O Sindicato dos Trabalhadores em Saúde criou um memorial online com nomes e histórias dos profissionais da área que, assim como Jussier, estão invisíveis para a sociedade. O projeto segue a linha do site Inumeráveis, que reúne histórias de brasileiros e brasileiras vítimas da Covid-19 por todo o país.
Histórias como a de Jussier estão disponíveis no memorial online do Sindsaúde no site.
“Além de fazer memória desses trabalhadores, a gente não quis associá-los a números meramente estatísticos. Mas queremos que elas sejam lembradas como pessoas que deram suas vidas para salvar outras vidas. Infelizmente, os governos negligenciam isso”, explicou a assessoria de comunicação do Sindsaúde.
O sentimento de luto é muito presente nas famílias. No depoimento enviado ao Sindicato, Jucilene, irmã de Jussier, contou que chegou a encontrar o pai aos prantos logo após a partida do irmão.
“O que mais me machuca é não poder ter feito nada para ajudá-lo e não poder ter me despedido dele”, desabafou o pai da vítima
Entre esses trabalhadores, muitos estavam em grupo de risco: acima de 60 anos e/ou com algumas comorbidades. Porém, na avaliação do Sindsaúde, os governos federal, estadual e municipal não deram à devida atenção a Covid-19, negando aos profissionais de saúde o afastamento dos serviços. Um decreto estadual dá a opção que trabalhadores incluídos no grupo de risco fiquem em casa com 50% da remuneração. O Sindsaúde ganhou liminar na Justiça garantindo o pagamento integral, mas segundo o Sindicato o Governo ainda não cumpriu.
Esse é o caso do Antônio Pedro, técnico de enfermagem de 60 anos, morto com diagnóstico de covid-19. Alegre, Antônio teve sua vida interrompida na noite de 1° de julho.
Para a maioria da população, seria apenas mais um número divulgado pelo boletim epidemiológico da secretaria de Estado de Saúde Pública, mas para Maria Edivânia e João Antônio, esposa e filho da vítima, era a despedida de alguém muito próximo.
Em declaração ao memorial do Sindsaúde, um amigo de trabalho de Antônio afirmou que muitos colegas já morreram.
“Foi muito difícil, ele não foi o primeiro. Já perdemos vários aqui”, afirmou.
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