O mar cor-de-rosa do Cabo Branco: desvendando o fenômeno

Por Andrea Bezerra Cavalcanti

O fenômeno que vem tornando a praia do Cabo Branco rosa está sendo causado pela remoção do sedimento na praia. A extração por escavadeira amassa e quebra o substrato pedregoso, que “sangra” e colore o mar com argila. A praia atualmente exibe poças cor-de-rosa em torno das “pedras” e a mancha rosa no mar aparece rente à ação da escavadeira.

Este sedimento pedregoso avermelhado vem aflorando intensamente nos últimos meses, prejudicando a paisagem, atrapalhando a passagem e o desfrute da praia. O sedimento está sendo exposto devido o aumento da erosão na praia e/ou está sendo movido do sopé da falésia para a praia do Cabo Branco. A origem geológica do sedimento que está colorindo a praia é o mesmo daquele na base da falésia.

Para atestar a origem do fenômeno, especialistas coletaram a água e o substrato para a análise química e biológica. Cientistas da UFPB investigam as alterações ambientais referente ao afloramento e indicam que a erosão vem sido intensificada pela intervenção de contenção da falésia do Cabo Branco, a obra de enrocamento.

Por recomendação dos órgãos ambientais, a remoção está sendo realizada com presteza, a fim resolver o impacto paisagístico. Questionados pela população e mídia, representantes da prefeitura alegam não haver nexo causal entre a obra e o afloramento, mesmo ocorrendo em datas subsequentes. O IBAMA confirma o evento através de parecer enviado ao Ministério Público da Paraíba.

O projeto de contenção da barreira está sendo dividido em 3 etapas: drenagem, enrocamento e quebra-mares. O projeto de execução da obra é apresentado no site da PMJP com apenas 66 páginas, omitindo itens e o estudo de impacto EIA/RIMA. A obra está supostamente autolicenciada, sem a devida transparência, nem um programa de monitoramento que verifique o fluxo dos sedimento e seus efeitos sobre a biota marinha. Não há dúvida que o alto aporte de sedimento no local já causa morte dos recifes do Cabo Branco.

Além de dispendiosa e de grande potencial de impacto, a obra pode estar potencializando a erosão, mostrando -se ineficiente para sua finalidade. As “pedras” avermelhadas na praia é uma prova indicadora de que a obra de enrocamento na base da barreira vem afetando a dinâmica das marés a ponto de interferir na reposição de areia da praia. É a retenção da areia que expõe as “pedras”, antes cobertas e retirá-las acentua o impacto.

Wscom*

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