O que dizem os trabalhadores da Redinha impedidos de trabalhar: “Eles querem que a gente se dane”

Os trabalhadores da praia da Redinha, na zona norte de Natal, alegam que estão sendo impedidos de exercerem suas atividades pela prefeitura de Natal. Garçons, cozinheiros e funcionários de outros setores protestam para garantir a sobrevivência deles e da família. Em pouco mais de uma semana, os trabalhadores interditaram três vezes a ponte Newton Navarro.

Eles contestam também uma declaração infeliz do secretário de Meio Ambiente e Urbanismo de Natal, Thiago Mesquita, que afirmou a uma rádio local que “as manifestações são político-partidárias”. 

No feriado de 7 de setembro, quando realizavam o terceiro protesto na ponte, os trabalhadores  foram retirados do local pela Secretaria de Meio e Ambiente e Urbanismo e a Guarda Municipal de Natal. 

Indenização só contempla quiosqueiros e exclui demais trabalhadores

Existe um acordo indenizatório que abrange 20 quiosqueiros da praia. Eles receberam entre R$ 25 mil  e R$ 50 mil, dependendo das atividades exercidas e se eles iam ou não voltar à orla após as conclusões das obras. Porém, esses valores não contemplam as diversas categorias de serviços que estão desamparadas desde os inícios das intervenções no lugar. 

Os responsáveis por essas manifestações são garçons, ambulantes, pescadores, donos de bar, cozinheiros, vendedores e todos os trabalhadores da Redinha que foram ignorados pela Semurb e lutam diariamente para conseguir colocar comida na mesa.

 “A gente está metendo a cara não é de pirraça não, é por necessidade!”

O desabafo é de Ronaldo Júnior, funcionário do antigo Mercado da Redinha, fechado para reforma. O comerciante diz que participa das manifestações pois precisa trabalhar para sobreviver, já que mesmo recebendo um auxílio garantido pela prefeitura, precisa de uma renda para sustentar a família. 

“A forma que eles estão fazendo é absurda. A gente só queria um acordo. Trabalhar um pouquinho, colocar uma mesa, uma cadeira ou outra. Ninguém quer muita coisa não. Eles não querem conversar com a gente”, critica o comerciante.

Juliete da Silva trabalhava como garçonete antes do início das obras. A atendente está gestante, sem trabalhar há um ano e morando na casa da irmã, já que não consegue mais pagar o dinheiro do aluguel.

“Os donos dos quiosques receberam uma indenização. E a gente não recebeu nada. Se no projeto deles tivesse alguma coisa para auxiliar essas outras pessoas que ficaram desamparadas, nada disso estaria acontecendo”.

Marta Barros é dona de bar e vende ginga com tapioca, patrimônio imaterial do Rio Grande do Norte. A comerciante diz que está ciente que não tem nenhum direito à indenização e que também não está pedindo isso. A única coisa que ela reivindica é o direito de trabalhar. A dona do bar cobra um planejamento da prefeitura para voltar a realizar suas atividades, já que ela depende diretamente do seu estabelecimento para sobreviver. 

“Pelo que eu entendi da situação, eles querem que a gente se ‘dane’. Estamos abandonados. A gente não quer tomar conta da praia, nem indenização. Eu queria botar um guarda sol pra trabalhar, já que meus garçons também precisam de mim. Não custa nada ele se sensibilizar para chegarmos num acordo. A praia tá morta! Acabou! E a gente aqui precisando comprar alguma coisa pra comer”.

Franklyn Lima trabalhava de garçom na orla da praia e agora luta para conseguir algum dinheiro. O trabalhador lembra do feriado de 7 de setembro, uma das datas que os comerciantes mais vendem no ano, quando os trabalhadores foram retirados da praia pela Guarda Municipal e a Semurb.

O garçom conta que aos fins de semana eles perdem muitas oportunidades de gerar renda e lamenta por isso. 

Fonte: AgênciaSaibaMais

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