UOL – Contrariando o Palácio do Planalto e mesmo ordens de Jair Bolsonaro, o então presidente, diplomatas brasileiros atuaram nos bastidores para garantir tanto o funcionamento das urnas eletrônicas quanto a existência de observadores internacionais na eleição de 2022. Para completar, por uma decisão do Itamaraty, a chancelaria tentou convencer a cúpula bolsonarista a não realizar a reunião com embaixadores estrangeiros, que acabaria acarretando a inelegibilidade de Bolsonaro.
Fontes no Ministério das Relações Exteriores revelaram ao UOL, na condição de anonimato, que houve uma estreita cooperação entre uma ala da diplomacia brasileira e os ministros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), meses antes da eleição que deu a vitória ao petista Luiz Inácio Lula da Silva.
Um dos trabalhos foi justamente o de fazer a ponte e facilitar o contato da instância eleitoral a observadores estrangeiros. De acordo com embaixadores, foram vários os encontros com os ministros Edson Fachin e Luis Roberto Barroso.
Como resultado, missões como a da OEA (Organização dos Estados Americanos) foram acertadas, apesar das críticas duras feitas por Bolsonaro. O único ponto de discórdia entre o Itamaraty e o TSE foi quanto à participação da União Europeia, que queria enviar uma missão de observação. O Judiciário era favorável, mas a diplomacia considerava que não era adequada a presença de um organismo do qual o Brasil não faz parte.