Artigo: Educação em crise: Até tu, governadora Fátima Bezerra?

Por Antônio Neves (professor e historiador)

Pelo que parece, a reprovação da governadora do RN, professora Fátima Bezerra (PT) não é peça de fake news encomendada pela oposição. Se os números das últimas pesquisas de opinião não mentem, o governo mente quando esconde a realidade estrutural da educação e das escolas públicas do nosso estado, isso, somando-se, também, o mal desempenho do Ideb que coloca a educação estadual como uma das piores do país.

Outro agravante que se soma a tais índices de rejeição é o pouco caso com que a governadora e sua equipe vêm tratando a pauta dos trabalhadores em educação, principalmente os professores e professoras que amargam defasagens salariais pelo não cumprimento do pagamento do piso do magistério como manda a lei. A nefasta política das terceirizações contribui para o agravamento da baixa qualidade do ensino público. Os conflitos com a categoria já foram até motivos de greve em 2023.

Corroborando com essa paisagem desoladora no quadro educacional, muitas escolas pelo estado adentro estão a ponto de desabarem, no sentido mais completo da palavra, devido ao descuido e abandono a que estão submetidas nos últimos anos, o que fez com que algumas venham sendo interditadas pelo Corpo de Bombeiros devido a total ausência de manutenção das suas infraestruturas básicas que colocam em risco a vida de funcionários e alunos.

Isso tudo nos faz lembrar que a crise estrutural do RN não é só nas estradas; em Caicó, cidade polo educacional do Seridó, duas das maiores escolas públicas estaduais – ECCAM e EETIJA (esta, de tempo integral) estão, as portas de se iniciar o ano letivo de 2024, sem nenhuma condição ou segurança de funcionamento e, por isso,foram interditadas, afetando diretamente o ensino e as aprendizagens de centenas de jovens e adultos que precisam da escola pública como meio para seu crescimento intelectual, educacional, social e humano.

O governo estadual precisa no menor tempo possível responder como pretende recuperar e fazer as devidas adequações destes espaços escolares e o que fará para garantir aos seus alunos e alunas a melhor qualidade possível de ensino enquanto o problema não se resolver em meio a lentidão eos entraves da burocracia e da inércia. Imagino que se as soluções vierem no mesmo ritmo decomo vem se dando a reforma estrutural da parede da barragem Passagem das Traíras, provavelmente o prejuízo para a educação só ampliará a realidade fria e crua do nosso baixo Ideb.Conclusão: A crise da gestão educacional no governo é visível e inconteste.

Um fato se escancara diante desta crise educacional:já no segundo mandato, o governo Fátima Bezerra, deveria ter sido exemplo de valorização e conquistas educacionais, promovendo as mudanças tão prometidas, pragmaticamente encalhou na mesmice, se vê refém de uma retóricapouco convincente, herdou dívidas e encalhesadministrativos dos dois governos anteriores e perdeu o rumo das políticas de investimentos para o desenvolvimento do estado;sem agilidade para resolver os problemas que se escondem no interior das escolas públicas, preferiu uma agenda distante do diálogo com os setores da educação, da cultura e das artes. O resultado é imaquiável.

Enquanto isso, as escolas e o ensino públicos patinam na falta de um projeto pedagógico e estruturante inovador para tirar o estado da lanterna do fim do túnel do atraso educacional. No auge da passividade social, continuamos a ter que fingir que está tudo bem, que a escola ensina e que os alunos aprendem, mas os números não metem, nem mesmo os das pesquisas de opinião.

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