A milícia responsável pela defesa pessoal do ex-prefeito de João Dias, Francisco Damião de Oliveira (conhecido como Marcelo Oliveira), assassinado a tiros em agosto deste ano, foi responsável por ações criminosas praticadas nas cidades de Serrinha dos Pintos e Umarizal, no Oeste Potiguar. Esses crimes, de acordo com as investigações da Polícia Civil, eram de conhecimento do então líder do Executivo municipal. As informações foram repassadas pelo delegado Alex Wagner, diretor da Divisão de Polícia do Oeste (DIVIPOE), nesta sexta-feira (27).
De acordo com o delegado, integrantes do grupo criminoso cometeram pelo menos dois assassinatos nos municípios citados. Eles também foram presos por posse ilegal de armas de fogo. “O grupo era destinado, primordialmente, para fazer sua segurança. Porém, ele tinha ciência [dos crimes]. Agentes de segurança também faziam parte desse grupo, que cometeram pelo menos dois homicídios nas cidades, contra homens que tentaram matar Marcelo em outra oportunidade”, disse Alex Wagner.
As prisões dos integrantes do grupo ocorreram no dia 28 de agosto, dia seguinte à morte de Marcelo Oliveira. Entre os presos na ocasião, estava um dos irmãos do prefeito, que não é o presidente da Câmara, Jessé Oliveira. Conforme relatou o delegado Alex Wagner, estes foram detidos para “evitar um derramamento de sangue na cidade”, que seriam motivados por vingança.
Histórico de ameaças
O histórico de hostilidade entre a família do prefeito assassinado e da ex-prefeita e apontada como mandante do crime, Damária Jácome, se acirrou após o pleito municipal de 2020. Em 2021, Marcelo renunciou ao cargo alegando que sofreu “coação moral irresistível consistente em ameaças de morte à sua pessoa e à sua família”. O cargo foi ocupado então pela vice-prefeita e aliada de Marcelo até aquele momento, Damária.
Porém, uma decisão judicial de 2022, da desembargadora Maria Zeneide Bezerra, que determinou o retorno de Marcelo Oliveira ao cargo de prefeito, trouxe a informação de que a coação partiu de Damária e seu pai, Laete Jácome, presidente da Câmara Municipal.
Um dia após a morte do prefeito, ela deixou a cidade de João Dias e se colocou à disposição das autoridades responsáveis pela investigação. Na ocasião, a ex-prefeita afirmou que “diante dos lamentáveis acontecimentos, que exigem cautela com as informações, reafirmo o meu respeito pela vida humana e pela justiça, confiando plenamente nas autoridades e nos órgãos competentes para a investigação do caso”. Ele retornou a cidade durante as eleições municipais deste ano para voltar ao cargo de prefeita, mas foi derrotada nas urnas pela viúva de Marcelo Oliveira, Fatinha de Marcelo.
Ela deixou a cidade outra vez. Suspeita de ser uma das mandantes da morte do prefeito, Damária Jácome está entre os foragidos da operação Operação Profanos, deflagrada pela Polícia Civil nesta sexta. Os agentes prenderam um pastor, apontado como um dos mandantes, no município de João Dias.
Além da ex-prefeita Damária Jácome, uma vereadora do município e outras três pessoas investigadas por envolvimento no crime, com prisões decretadas pela Justiça, não foram localizadas e são consideradas foragidas.