Investigação da fuga de presídio federal de Mossoró expõe atuação do Comando Vermelho no RN

A investigação sobre a fuga de dois internos do presídio federal de segurança máxima em Mossoró, no Rio Grande do Norte, levou a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco) a identificar João Carlos de Almeida Bezerra, conhecido como JC ou Dog, como liderança do Comando Vermelho (CV) no estado.

Até então, a atuação da facção no RN não era mapeada pelas autoridades. Os integrantes do CV eram considerados aliados do Sindicato do Crime, grupo local que se opõe ao Primeiro Comando da Capital (PCC).

JC é apontado como o único membro do Comando Vermelho com liderança reconhecida no estado. Ele está foragido e, segundo os investigadores, se esconde em uma comunidade dominada pelo CV no Rio de Janeiro. Em áudios interceptados, o próprio JC se identifica como representante da facção no estado.

A operação Red Dots, deflagrada em 11 de março, investiga os crimes de organização criminosa armada, tráfico de drogas e armas, homicídio, tortura e lavagem de dinheiro. Além de JC, a Ficco chegou ao principal fornecedor de drogas do CV no estado, conhecido como Conterrâneo.

A apuração também identificou operadores financeiros do grupo, responsáveis por movimentações bancárias e repasses usados para dar suporte à rede criminosa. A investigação partiu do mapeamento da rede de apoio à fuga dos detentos Deibson Nascimento e Rogério Mendonça, ligados ao Comando Vermelho no Acre.

Rede de apoio operou em três estados

Dois dias após a fuga, em 16 de fevereiro, os fugitivos utilizaram um celular na casa de um casal, o que acionou a rede de apoio. Eles foram levados a um sítio entre Mossoró e uma cidade vizinha e, no dia seguinte, transferidos para outra propriedade em Baraúnas. O dono do local recebeu R$ 5 mil e outros valores repassados por um casal vinculado ao CV.

No mesmo dia, roupas foram compradas para os fugitivos em Baraúnas. Em 19 de fevereiro, outro integrante da facção foi ao município de Aquiraz (CE) para buscar armas, que foram entregues em seguida ao grupo. As mesmas armas foram apreendidas com os detentos no momento da recaptura.

Presos a 1.600 km da fuga

Apesar do avanço das investigações, a dupla conseguiu chegar ao estado do Pará. Eles foram detidos em Marabá, em 4 de abril, quando planejavam fugir para fora do país. Ao todo, os fugitivos passaram 50 dias foragidos.

Após a prisão, JC enviou novos áudios em que afirma estar no Rio de Janeiro e menciona a preocupação com ações policiais. Ele reconhece que os principais alvos da polícia são os líderes que ofereceram apoio logístico à fuga.

A Polícia Federal e o Ministério da Justiça continuam a apurar a estrutura do Comando Vermelho no Rio Grande do Norte. O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) também acompanha o caso por conta do uso de embarcação na tentativa de fuga.

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