Papa buscou periferias para mostrar Cristo, diz jesuíta

No dia 19 de março de 2013 o papa Francisco foi empossado diante de uma multidão na Praça São Pedro, no Vaticano, após uma eleição marcada por ineditismos – a Igreja, pela primeira vez, tinha um líder latinoamericano e jesuíta. A escolha do novo pontífice à época surpreendeu Agustin Calatayud Salon, ou padre Agostinho, como é conhecido o sacerdote espanhol que fincou raízes no bairro de Cidade da Esperança, em Natal, há 40 anos. Único jesuíta no Rio Grande do Norte, para ele, o papa imprimiu à Igreja a própria personalidade jesuítica ao buscar as periferias do mundo para mostrar que Cristo continua crucificado.

“Francisco foi um homem de profunda oração, mas não apenas isso. Ele se preocupava com os problemas reais do povo enquanto buscava as periferias do mundo. E ele as mostrou para que todos nos envergonhássemos diante da fome, da guerra, da morte absurda, da mutilação e da barbárie. Em razão disso, tantas vezes ele disse que Cristo continua crucificado. O papa esteve no Sudão, no Congo, falou da questão entre o Hamas e os judeus e de todo o sofrimento dos palestinos, de todas as guerras provocadas tão somente pela ambição”, discorre o sacerdote.

A principal mensagem do pontífice para o mundo, na opinião do padre, foi o próprio Evangelho, com apreço especial para as bem-aventuranças. “Bem-aventurados os pobres, os mansos, os aflitos, os misericordiosos, os puros de coração, os que procuram e os que têm fome e sede de justiça. Bem-aventurados aqueles que são perseguidos, por causa de justiça, porque deles é o reino dos céus. Olhe bem que ainda na Sexta-feira Santa, o papa visitou presos em Roma para deixar essa que é a mensagem vital dele, de uma vida inteira. Lembremos ainda que ele rezou e pediu pela Guerra da Ucrânia”, falou.

Padre Agostinho não conheceu pessoalmente o pontífice, mas disse reconhecer que Francisco “fez o papel dele” enquanto não media esforços para ajudar as pessoas em sofrimento. A vida de oração e contemplação do pontífice, acompanhada de ações que se aplicam à realidade das pessoas é algo que gerou identificação junto à Igreja na América Latina, segundo o sacerdote. O modo remete exatamente à chamada personalidade jesuítica, citada anteriormente por Agostinho.

Os jesuítas são uma ordem religiosa que adota quatro votos: castidade, pobreza, obediência e obediência especial ao papa. Fundada por Santo Inácio de Loyola, a ordem nasceu no século XVI dentro de um contexto determinado pela Reforma Protestante e pela expansão de Portugal e da Espanha além-mar, com a chegada às Américas. “O que determina a identidade jesuítica é a missão sempre a serviço da Igreja”, comenta padre Agostinho. A chegada dele ao Brasil tem a ver exatamente com essa missão.

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