Artigo: O fogo amigo queimou

A situação da saúde pública em Caicó, na região do Seridó, está se agravando a olhos vistos. Reclamações constantes sobre a falta de insumos básicos, como gases hospitalares e medicamentos, infelizmente já se tornaram rotina. O problema parece não sensibilizar os responsáveis — até que atinge alguém próximo.

Recentemente, a mãe de um vereador da base do prefeito Dr. Judas Tadeu precisou de atendimento médico no hospital local. A demora no atendimento fez com que o parlamentar, até então silencioso sobre a precariedade da saúde, se revoltasse e chamasse a imprensa local para denunciar o descaso — ironicamente, um descaso promovido pelo próprio governo estadual, do qual ele e o prefeito fazem parte da base aliada.

E agora? Como entender essa súbita indignação? Será que o sofrimento só ganha voz quando bate à porta de quem está no poder? O que aconteceu com as dezenas de outras famílias que passaram por situações semelhantes — ou até piores — e nunca tiveram seu grito ouvido?

A verdade é que, salvo raríssimas exceções como o vereador Diogo Silva, a Câmara Municipal tem se mostrado apática diante dos problemas reais da população. Quantas vidas já foram perdidas enquanto os vereadores permaneciam sentados em silêncio? Desde quando uma vida tem mais valor do que outra?

É necessário que o prefeito e seus aliados entendam, de uma vez por todas, que o povo de Caicó não precisa de festas, mas de saúde, educação e segurança. A população quer dignidade, quer ser atendida com respeito nos hospitais, quer ver o retorno dos altos salários pagos aos vereadores em forma de trabalho sério e comprometido com todos — não apenas com os seus.

É inaceitável que Caicó, cidade que abriga uma Universidade Federal de Medicina, continue sem equipamentos básicos para atendimento hospitalar. Faltam ações concretas, faltam investimentos, falta empatia com quem mais precisa.

Resta a pergunta: será que Vossas Excelências estão, de fato, cumprindo o papel que lhes foi confiado pelo povo? Fica o questionamento. Porque o fogo amigo, dessa vez, queimou… e queimou feio.

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