Unimed Natal é acusada de não pagar clínica e prejudicar crianças autistas

Cansaço, preocupação, injustiça e desesperança. Esses foram apenas alguns dos sentimentos relatados por mães de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) em uma audiência pública realizada na última semana, pela Câmara Municipal de Natal, quanto aos problemas enfrentados para conseguir atendimento para seus filhos na rede de saúde suplementar. A Câmara vai instaurar uma Comissão Especial de Inquérito para apurar a responsabilidade dos planos de saúde.

Menos de uma semana depois da audiência na Câmara, com depoimentos fortes de mães
atípicas, uma clínica de reabilitação neurofuncional, Vivianny Lopes, com diversas unidades em Natal, referência no Estado, divulgou que vem enfrentando múltiplas dificuldades contratuais e operacionais em sua parceria com o plano de saúde Unimed Natal, o que estaria comprometendo a regularidade dos atendimentos realizados pelo convênio nas áreas de terapias fonoaudiológicas, psicológicas, fisioterapêuticas, entre outras. Somente nessa clínica, são cerca de 450 pacientes prejudicados por causa dos atrasos da Unimed Natal.

“Mesmo diante das limitações enfrentadas, a clínica tem mantido todos os seus esforços
voltados à continuidade do cuidado com os pacientes e à preservação da qualidade dos serviços
prestados. No entanto, diante de diversos entraves operacionais e contratuais por parte da operadora e do agravamento da situação, informamos que, caso tais problemáticas já informadas à UNIMED NATAL não sejam regularizados até o dia 03 de junho, incluindo a regularização dos repasses, os atendimentos vinculados ao referido convênio poderão ser suspensos a partir desta
data”, diz nota da empresa.

Após a publicação do informativo nas redes sociais, a clínica voltou a abordar o assunto em postagem, afirmando que a Unimed Natal havia realizado “repasse financeiro referente aos atendimentos do último período”. No entanto, declarou que relevantes pendências de cunho administrativo ainda colocam em risco a plena execução da parceria e continuidade dos atendimentos.

“A regularização do repasse financeiro dentro do prazo correto, fato que usualmente não
tem ocorrido, não resolve a problemática enfrentada pela Clínica Vivianny Lopes diante da
extensa quantia de valores ainda pendentes de pagamento por parte da Operadora. Nossa equipe segue empenhada em buscar soluções definitivas, sempre por meio do diálogo e da via institucional, prezando pela continuidade dos atendimentos”, diz texto da empresa.

Em entrevista ao Diário do RN, a proprietária da clínica, Vivianny Lopes, disse que foi procurada pela Unimed para firmar parceria após o surgimento de demandas judiciais. A empresa de Vivianny ficaria responsável por atender clientes que haviam ajuizado casos referentes a atendimentos pela operadora. “E aí eles foram solicitando a abertura de outras unidades para a gente absorver a demanda e chegou ao ponto que a gente realmente partiu para o credenciamento, que foi em 2022. E a partir daí foi que as coisas começaram a desandar, vamos dizer assim”, declarou.

No entanto, segundo a empresária, após o credenciamento, foi chamada para uma negociação de valores e a partir de então os valores foram renegociados para baixo três vezes. “E a última vez que foi o ano passado, que eles me chamaram para conversar que era impossível que aquele valor já era um valor limite. E era de verdade, senão não ia conseguir dar a qualidade que a gente tem nos atendimentos”.

Vivianny afirma que a partir de então a operadora começou a usar estratégias “inadequadas”, “sem fundamentação”. Ela disse que passou de seis a oito meses sem receber porque os pacientes ficavam em análise. “A gente fazia a solicitação no co meço do mês e dia trinta tinha que estar tudo liberado no sistema. Quando chegava dia trinta, a gente tinha seiscentos pacientes, setecentos pacientes dele (o plano de saúde) para atender e não liberavam”, disse.

“E aí eles diziam para mim ‘não pode deixar de atender, que tem uns que são demandas judiciais’ e a gente não nunca deixou de atender. (…) Passava de um mês para o outro. No outro mês ficava mais um montante em análise e isso mesmo não ia sendo pago”, completou.

Diante da situação, Vivianny marcou reuniões, sem obter sucesso em suas demandas. “[Foram] várias tentativas da gente sentar, conversar, e aí foi preciso realmente ontem a gente tomar essa decisão para que a coisa andasse. E hoje eles fizeram o pagamento”. A empresária afirma que sofreu muita interferência. “É uma perseguição mesmo, não é?”.

Ainda segundo a gestora, ela se vê prejudicada ao ter que se expor e lamenta ver muitas famílias apreensivas com a situação, com o risco de ver parentes sem o tratamento devido. “A famílias
ficam apavorada sem saber o que fazer (…) Independente da parceria ou não, quem me conhece sabe o quanto eu luto, o quanto eu vou em busca de coisas boas para essas crianças e adolescentes”, finalizaa proprietária da clínica.

Diário do RN

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