Resenhas antecipadas para a Festa de Sant’Ana (parte II)

Marcha dos idosos 2025: O que serviram para nossos avós?

Se você convidasse a senhora Sant’Ana, nossa avó espiritual, para um almoço em sua casa, o que você serviria para ela? Galinha caipira com arroz na graxa? Arroz de Leite com paçoca e feijão verde? Peixe frito com farofa e vinagrete? Carne de Sol com macaxeira? Feijoada, cuscuz temperado com charque? Filhós com mel de engenho? Doce de caju, goiabada com queijo de manteiga? Vixi, não tem quem resista!

A riqueza da nossa culinária nos oferece muitas opções, principalmente em ocasiões especiais, o que deixaria nossa padroeira feliz e satisfeita, afinal, também ela, seridoense de origem judaica, gosta de um bom prato, principalmente no Seridó, uma das regiões do Brasil com as melhores opções de cardápio.

Mas segundo informações, na Marcha dos Idosos, evento tradicional da Terceira Idade que acontece todos os anos na primeira sexta-feira da Festa, era oferecido um bom almoço aos idosos, tal qual ofereceríamos a Mãe da Mãe de Jesus em nossas humildes residências, só que este ano o “almoço” se resumiu a um lanche fraco com sanduíches de hambúrgueres, rocambole doce e refrigerantes, tudo o que a maioria dos idosos participantes não deveriam comer. Nossos idosos merecem algo melhor. Qual o motivo de tamanha falta de consideração? Faltou dinheiro ou sensibilidade para se promover um almoço regional decente?

PARA ONDE VAI O DINHEIRO?

E por falar em dinheiro, um dos argumentos do meio empresarial e do poder público municipal para justificar os gastos com a Festa de Sant’Ana é o resultado financeiro, pós-festa. O prefeito fala em milhões circulando na cidade após este período, alguns empresários e grandes comerciantes esperam retorno dos investimentos a custo quase zero, já que não investem nada para o brilhantismo da festa, pois os recursos financeiros que patrocinam os grandes eventos são provenientes das rubricas públicas. Porém, findo o mês de julho, as reclamações sobre vendas e consumo no comércio local são notórias, dizem que, após a festa, o povo tá sem dinheiro, mas se alguém gastou, outros lucraram, então, pergunto: para onde vai todo esse dinheiro? Afinal de contas (contábeis e fictícias), milhões são milhões!

GOSTO E MAL GOSTO, CADA UM TEM OS SEUS…

 A diversidade é uma das bandeiras mais defendidas hoje em dia. Arte, cultura, música, eventos, quando pagos com dinheiro público, tanto pode ser uma questão de conveniências como de bom ou mal gosto, depende de quem promove e consume.

 Anualmente a programação festiva na Ilha de Sant’Ana sempre deixa a desejar, muitos gostam, ou por falta de senso crítico cultural ou por falta de opção, se não tem Zé vai com um mané qualquer, o que vale são as aparências do consumo. São atrações musicais (como se cultura e arte fosse só isso), de gosto duvidoso que se repetem sem novidades; além de caras (há quem fale em cachês fora da realidade do mercado), acrescentam muito pouco a nossa diversidade cultural.

Comparados com eventos menores em cidades da região que oferecem opções musicais de melhor qualidade, com cachês bem mais em conta, o que se ver e se ouve em Caicó é o mais do mesmo. A pergunta que fica é: o que nos é oferecido, é por consequência e conveniências do mal gosto de quem promove, ou porque cada povo consume o que seu nível cultural suporta?

Uma boa Festa de Sant’Ana a todos os caicoenses presentes e ausentes!

Reflexões do professor e historiador Antônio Neves

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