G1 – Ao lado dos seus poderosos aliados — a Rússia e a Coreia do Norte — e munida de novos armamentos, como mísseis de alcance global e armas hipersônicas atualizadas, a China fez nesta quarta-feira (3) o maior desfile militar de sua história para mostrar, aos olhos do Ocidente, sua intenção de se tornar uma potência militar ao nível dos Estados Unidos.
Na companhia do presidente russo, Vladimir Putin, e do líder norte-coreano, Kim Jong-un, o presidente chinês, Xi Jinping, quis enviar sinais tanto aos EUA como aos vizinhos Índia e Paquistão de que quer reconfigurar o cenário geopolítico a seu favor.
Em Washington, a mensagem foi ouvida: o presidente norte-americano, Donald Trump, elogiou o desfile, mas acusou Xi, Putin e Kim de usarem o encontro para costurar uma “conspiração” contra os EUA.
Putin negou e desdenhou de Trump. “Ele tem senso de humor”, respondeu o líder russo, ao ser questionado sobre a afirmação do norte-americano.
Na Europa, também houve reação. A chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, afirmou que o encontro dos três durante a parada militar foi um “desafio direto à ordem internacional” que enviou “sinais antiocidentais”.
“A guerra da Rússia na Ucrânia conta com o apoio da China. São realidades às quais a Europa deve enfrentar”, disse Kallas.
O poderio militar (leia mais abaixo) foi a principal arma sacada por Xi para dar seu recado. Mas não a única: vestindo um terno similar ao traje típico do ex-líder chinês Mao Tsé-tung (veja imagem abaixo), o presidente chinês cumprimentou mais de 20 chefes de Estado que foram à parada militar com frases em inglês, além de outros representantes de governos ocidentais e entidades.
O presidente da China, Xi Jinping, durante desfile militar que marca o 80º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial, em Pequim, China, em 3 de setembro de 2025. — Foto: REUTERS/Tingshu Wang
O assessor especial da Presidência brasileira, Celso Amorim, e a ex-presidente Dilma Roussef, atual diretora do chamado Banco do Brics, também participaram do desfile.
Xi chegou ao evento, na Praça da Paz Celestial, em Pequim, acompanhado de Vladimir Putin e Kim Jong-un. Os três caminharam por um tapete vermelho antes de tomar seus lugares, também juntos.
No início desta semana, em uma cúpula regional, o presidente chinês já havia apresentando sua visão de uma nova ordem mundial, pedindo unidade contra a “hegemonia e a política de poder” — numa crítica velada aos Estados Unidos.
Questionado na véspera se via o desfile como um desafio aos EUA, Trump negou e disse manter “uma relação muito boa” com Xi. “A China precisa muito mais de nós do que nós deles”, afirmou.