A vitória das taturanas

É o que representará a aprovação da PEC da Vingança, com o reto e vertical Arthur Lira comandando o espetáculo na presidência da Câmara dos Deputados.

Por: Mario Sabino – Ontem, escrevi que o Brasil é  uma nação de gente estúpida, e outro fato exemplar disso é termos Arthur Lira (foto) como presidente da Câmara. Ele não deveria ter sido eleito deputado federal, ou para qualquer outro cargo político, desde que a Operação Taturana, deflagrada em 2007, desmontou um esquema criminoso na Assembleia Legislativa de Alagoas, que desviou mais de 200 milhões de reais da folha de pagamentos da casa. Em 2008, Arthur Lira foi preso e a Polícia Federal o classificou como “um político sem limites para usurpar dinheiro público”. Tudo mentira, claro,  porque homem é de uma inocência imaculada. Dois anos depois, como somos uma nação de idiotas, ele foi eleito deputado federal. Instalado em Brasília, o coitado entrou na mira da PGR, em 2015, acusado de participação no escândalo do petrolão, juntamente com o seu pai, o hoje ex-senador  Benedito de Lira. A família é a base da sociedade, como lembra o programa da União Brasil.

É esse sujeito reto e vertical que, agora, quer colocar “um freio” no Ministério Público, acusando a instituição de não ter “código de ética”, por meio dessa infame PEC da Vingança, que o deputado Paulo Teixeira, pau mandado de Lula, teria tirado da cartola do ministro Gilmar Mendes — que, claro, não tem nada a ver com isso, muito pelo contrário, visto que se trata de um grande apoiador dos procuradores que cometem a ousadia de investigar gente poderosa e os amigos dos amigos dela.

Arthur Lira, um colosso da decência que ascendeu na Câmara empurrado por aquele outro sujeito ínclito, Eduardo Cunha, preso injustamente pela Lava Jato, é uma unanimidade ideológica: esquerda, Centrão, direita e banco de reservas estão ao seu lado, para amarrar mãos e pés dos procuradores, com a PEC que reescreve a Constituição, ao retirar a independência funcional dos procuradores, aparelhando politicamente o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), inclusive por meio de um corregedor que passará a ser indicado pelo Congresso, esse poder composto apenas por gente honesta, trabalhadora e estudiosa, graças à argúcia dos eleitores brasileiros. Para que não reste dúvida sobre o novo papel reservado ao Ministério Público — o de Prometeu acorrentado –, o CNMP aparelhado poderá revogar atos administrativos praticados por procuradores. Ou seja, barrar investigações, o que é muito justo.

A Polícia Federal, em 2007, batizou de Taturana a operação contra a roubalheira em Alagoas, porque a lagarta passa a vida comendo folhas. A aprovação da PEC da Vingança, com Arthur Lira comandando o espetáculo, é a vitória das taturanas. Elas poderão comer à vontade as folhas dessa gente estúpida que as elege.

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