Há treze anos, a Troça da Serpente consolida-se como uma vibrante manifestação artística e cultural no carnaval de Caicó, contribuindo para uma festa mais humanizada e autêntica. Movida pelo batuque da felicidade, pela interação social e pelo espírito voluntário de pessoas que encontram no carnaval uma forma de expressão cultural e liberdade, a Troça tornou-se símbolo de criatividade, resistência e alegria contagiante.
Ao longo dessa trajetória, a Troça caminhou, cresceu e amadureceu, adquirindo uma identidade singular que mescla tradição e inovação. O que começou como um modesto movimento festivo nas esquinas da amizade evoluiu para uma explosão de música, cores e entusiasmo, onde fantasias e sorrisos se fundem em uma celebração coletiva, fortalecendo as tradições históricas da região.
Inspirada na mais importante lenda de Caicó — a misteriosa serpente do Poço de Santana —, a Troça da Serpente resgata essa narrativa ancestral com criatividade, leveza e um irresistível toque de frevo e folia, mantendo profundo respeito às tradições populares. Segundo a lenda, sob as águas enigmáticas do Poço habita uma colossal serpente, guardiã de segredos antigos e fonte de histórias que atravessam gerações. Esse mito renasce a cada carnaval, transformando-se em uma celebração que exalta o imaginário coletivo.
Este ano, o cortejo promete ser ainda mais especial. Uma animada banda de frevo com vinte talentosos músicos, liderada por uma imponente tuba, fará as ruas pulsarem com seus acordes vibrantes. Bonecos gigantes, um estandarte reluzente e uma multidão de foliões comporão a procissão carnavalesca, tendo como protagonista a espetacular serpente, cujas escamas de tecidos coloridos e movimentos sinuosos encantam a todos. Seu “veneno” é doce e irresistível — como o filhós com mel, que parece uma criação mística capaz de adocicar a sagrada interação social que domina Caicó.
A cidade aguarda ansiosamente o amanhecer do sábado de carnaval. Nesse momento mágico, a serpente ressurgirá da histórica Casa de Pedra, às margens do Poço de Santana, para serpentear pelas ruas com seu balanço inconfundível. Espalhará cultura e alegria, renovando o espírito festivo que transforma o carnaval em uma celebração única e genuinamente popular, onde lenda e realidade dançam lado a lado ao som dos frevos e sob a calorosa atmosfera do povo do Seridó.
Janduhi Medeiros*