Artigo: Resenhas políticas do RN (Parte I)

Por Antônio Neves – Professor e historiador

A política é dinâmica, como bem diz aqueles que desejam justificar comportamentos através de atitudes que, na maioria dos casos, como acontece no Brasil, são motivadas por uma cultura política nada saudável que só deseduca os já despolitizados da nação.

Fico aqui vendo o cenário político do RN e as movimentações partidárias para as disputas eleitorais que se aproximam. Tudo para acomodar os muitos interesses dos grupos familiares, partidários e pessoais dos vários segmentos, tendências e facções que disputam o poder antes, durante e após o processo eleitoral.

A direita, extrema direita e outras aberrações teocrático-midiático-empresarial, sonham com a possibilidade de retornarem ao poder governamental estadual fazendo uso de discursos falso-moralistas em nome de Deus-Pátria-Família. Sem um nome à altura do ainda resistente potencial político-eleitoral da governadora Fátima Bezerra (PT), buscam uma unidade que, antes mesmo de se consolidar, já apresenta fissuras que poderá se constituir em mais uma fragorosa derrota.

O destaque é a aliança do PT com a alta oligarquia do MDB sob as bênçãos do presidenciável Lula. Tal embuste constrange qualquer esquerdista minimamente coerente, principalmente aqueles que combateram firmemente as reformas da Previdência e Trabalhista, e o impeachment contra Dilma em 2016, onde Garibaldi (senador) e Walter Alves (hora alçado à condição de vice de Fátima Bezerra) votaram, sob orientação do seu partido, a favor desses golpes (quem mudou?).

Nessa dança de alianças e apoios estratégicos, cada um olhando para seus próprios interesses, o prefeito de Natal Álvaro Dias (PSDB), silencia na espera de um momento oportuno de escolher com quem seguir; comprometido apenas com seu futuro político, defenderá a candidatura de quem lhe dê garantias administrativas para que possa concluir de forma convincente seu mandato de prefeito e eleger seu filho deputado.

Nesse jogo de toma-lá-dá-cá, o maior perdedor até aqui tem sido o PCdoB do atual vice governador Antenor Roberto. Aliado incondicional do PT em todos os momentos, os comunistas potiguares foram excluídos do processo de discussão da construção da aliança para 2022, preteridos da chapa majoritária e descartados até mesmo da vaga da primeira suplência de Carlos Eduardo (PDT), pré-candidato ao senado. E por falar em Carlos Eduardo, uma boa visita as redes sociais e programas eleitorais de 2018, quando o mesmo disputou com Fátima o segundo turno das eleições, nos refrescará a memória e permitirá lembrar qual a verdadeira opinião que o mesmo tem do PT e da governadora (Quem mudou?).

Até aqui nenhuma novidade quanto a forma como o PT no Rio Grande do Norte se comporta com um partido como o PCdoB, fiel aliado do governo Fátima e Lula, mas que sempre foi tratado de forma descartável. Para o PT, o PCdoB é um inimigo a ser combatido e não um aliado a ser preservado. Não são poucas as manobras politicamente desonestas que o PT sempre usou para combater o PCdoB nas várias instâncias em que disputam espaço, cargos e poder. Para a cúpula petista, a centenária legenda comunista não passa de um aliado útil (quando necessário), assim, não é de se estranhar o comportamento excludente em que o partido de Lula no RN prefere tratar quem sempre lhe deu sustentação, apoios e legitimidade.

Esse quadro eleitoral de tão simples de se entender, torna-se indecente, mas com um pouco de coerência o eleitor entenderá como funciona a política por aqui. Para muitos partidos e projetos eleitorais, da esquerda ou da direita, o passado e o presente não servem para validar o futuro. Preferem o lema: Esqueçam o que fiz ou falei. O que garante votos são os discursos adaptáveis para os interesses do momento e uma boa dose de cinismo para convencer o eleitor de que nós é que estávamos errados…

 É a dinâmica da política a todo vapor!!!

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