Por Antônio Neves – Professor e historiador caicoense.
Lembro-me muito bem dele todos os dias tomando café pelos Box do Mercado Público. Com sua conversa animada, abraçava a todos e se dizia amigo deste lugar.
Em seu programa diário no rádio, não faltava um alô pra esse ou aquele “amigo” comerciante e durante a campanha eleitoral de 2016, quando era apenas o candidato a prefeito, prometeu mundos e fundos para desenvolver a economia caicoense e, consequentemente, a do Mercado Público, lugar que toda a cidade diz ser “o centro das tradições socioculturais, gastronômicas e comerciais da cidade”.
Lembro também de alguns candidatos a Câmara Municipal de Vereadores e, após eleições, de um ou outro vereador que se dizia o “defensor” dos interesses do Mercado Público, mas agora eu pergunto: Onde estão todos?
O Mercado Público de Caicó, desde que foi inaugurado há mais de 100 anos, vive o pior momento de toda a sua existência. Como se já não bastasse à crise econômica que afetava todo o comercio local, a crise epidêmica Corona vírus contribuiu ainda mais para agravar a situação econômica dos permissionários que dependem, exclusivamente, da sobrevivência das atividades comerciais e dos serviços oferecidos no Mercado Público para tocar a vida…
Mas a pergunta continua:
Onde estão aqueles que diziam serem os “amigos” do Mercado Público?
Pois, agora, o Mercado está à meia-porta (nem aberto, nem fechado). Por ordem de um Decreto municipal já não há mais vida comercial no interior desta praça de negócios, Box se fecham e funcionários são dispensados, oportunidades se perdem: desânimo, desemprego, necessidades, prejuízos financeiros; o saldo é um agravante a mais para piorar a já cambaleante situação socioeconômica do nosso município, famílias inteiras passam a viver sem nenhuma perspectiva.
O prefeito Batata, mesmo tendo sido cobrado e a ele se reivindicado publicamente ações não apenas tecnicistas, mas acima de tudo sociais, que buscassem amenizar a gravidade dos impactos das medidas tomadas para o enfrentamento da pandemia, preferiu calar-se e esconder-se na sua falta de atitude; ignora os apelos de ajuda dos permissionários e segue à risca recomendações meramente técnicas, mesmo sabendo que o papel de qualquer governo em situação de crise e emergência é, também, o de buscar soluções conjuntas para enfrentar seus efeitos sobre a sociedade, principalmente quando é um segmento que depende do apoio das ações governamentais, isso considerando que o comércio do Mercado Público é um elemento da economia primária de subsistência local e funciona num espaço de gerência pública.
Diante a tudo isso, o que ouvimos até agora é apenas silêncio! Não sei se por medo do vírus ou por omissão deliberada, todos sumiram! O Mercado Público saiu da condição de lugar mais tradicional da cidade, para se tornar um ambiente fantasma e o prefeito Batata nunca mais apareceu para tomar um cafezinho por lá!