A Gilmar Mendes, Moro culpou Gabriela Hardt, Dallagnol e Carlos Fernando: “traíra”, diz advogado

Conhecedor profundo dos porões da Lava Jato, o advogado Roberto Bertholdo expôs em publicação na rede X nesta terça-feira (16) que, apavorado, Sergio Moro (União-PR) teria culpado e entregado a sua substituta na 13ª Vara Federal, Gabriela Hardt, e os procuradores Deltan Dallagnol e Carlos Fernando dos Santos Lima, que se aposentou em setembro de 2018, pela tentativa de desviar R$ 2,5 bilhões dos acordos de leniência firmadas pela Petrobrás nos EUA para uma fundação privada que seria administrada pela Lava Jato.

O caso será julgado a partir desta terça pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Corregedor-geral de Justiça, o ministro Luis Felipe Salomão deve detalhar o esquema criminoso sobre o desvio dos recursos do Estado brasileiro para criar “uma fundação voltada ao atendimento a interesses privados”.

Segundo Bertholdo, na “humilhante visita que Moro fez para o ministro Gilmar”, o hoje senador já sabia que o CNJ pediria o afastamento de Gabriela Hardt e teria, ao menos por duas vezes, tentar se desvencilhar do caso, culpando a substituta.

“Em certo ponto da conversa ele disse que depois que saiu da magistratura havia perdido totalmente o contato com Hardt e que, ATENÇÃO: ‘temia pela condução pouco responsável que Hardt realizava na condução dos acordos da Lava Jato com as autoridades norte-americanas’ (observem que ele foi direto ao ponto)”, escreve o advogado.

Na publicação, Bertholdo lembra que, em depoimento ao CNJ, a juíza afirmou que “antes de homologar o acordo ela teria ‘pedido a opinião de juízes antigos antes de decidir'”.

Moro, no entanto, teria dito a Gilmar Mendes, em meio às humilhações postas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, “eu fui consultado pela juíza antes da homologação do acordo, disse a ela que este assunto não me dizia mais respeito, porém e ainda assim eu era absolutamente contra a realização dele. (novamente foi no fígado da questão)”, escreve o advogado.

No comando da Fundação

Bertholdo ainda afirma que os planos de Dallagnol para a fundação passavam pela aposentadoria de Carlos Fernando dos Santos Lima.

Um dos símbolos da investigação, Carlos Fernando se aposentou do Ministério Público Federal (MPF) em setembro de 2018 e passou a trabalhar como advogado na área de “compliance”, justamente onde a pretensa fundação atuaria.

Aposentado, Carlos Fernando poderia se tornar presidente da organização não governamental (ONG) e, dessa forma, gerir os recursos bilionários desviados do acordo de leniência da Petrobrás.

Moro sabe disso, segundo o advogado, e teria entregado os dois procuradores a Gilmar Mendes para tentar livrar a própria cabeça.

“Moro acrescentou [na conversa com Mendes]: essa magistrada [Hardt] tem uma ligação muito próxima ao ex-procurador Carlos Fernando do Santos Lima e do procurador Deltan Dallagnol, sendo que ambos insistiam e se esforçavam em obter recursos financeiros de multas para a criação de uma fundação que seria presidida por Lima”, diz.

Segundo Bertholdo, “numa tacada só Moro tentou jogar culpa pra cima de Dallagnol, Carlos Fernando e Gabriela Hardt”.

“Moro é covarde, não bastasse é traíra”, afirma Bertholdo na publicação.

“O circo dos canalhas da Lava Jato começou a pegar fogo, porém os palhaços não imaginavam que justamente o dono do recinto seria quem ia jogar a gasolina”, emendou o advogado.

Moro é o próximo

Em entrevista a Yuri Ferreira, na Fórum, Bertholdo falou sobre o destino dos ícones da Lava Jato e confirmou uma publicação nas redes em que afirma que Gabriela Hardt deve acabar atrás das grades.

“Não tenho dúvida nenhuma que isso vai acabar gerando uma denúncia criminal, a abertura de um processo crime contra ela, contra o Moro e contra o Dallagnol”, afirmou o advogado.

E se a avaliação em Brasília é, segundo Bertholdo, de que Hardt não tem sobrevida, o mesmo valeria para Moro. “É praticamente inconcebível imaginar que não tenha havido prática de crimes por parte do Sérgio Moro na atuação dele enquanto juiz da Lava Jato. Se ele for denunciado, processado, acho que ele não terá condições de escapar de uma pena de prisão”, afirma o advogado.

Revista Forum*

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