O Jornal Nacional entrevistou uma advogada que conviveu com Fabrício Queiroz na casa em que ele foi preso na quinta-feira (18) em Atibaia, no interior de São Paulo.
Queiroz é suspeito de operar um esquema de “rachadinha” no gabinete do hoje senador Flávio Bolsonaro (Republicanos -RJ), na época em que ele era deputado estatual no Rio de Janeiro.
Ana Flávia Rigamonti diz que começou a trabalhar na casa registrada como escritório do ex-advogado da família Bolsonaro Frederick Wassef, em Atibaia, em maio de 2019. Ela contou ao Jornal Nacional que a mulher de Queiroz, Márcia de Oliveira Aguiar, que está foragida, passava temporadas na casa. Contou ainda que chegou a emprestar o carro para Queiroz. A polícia fez uma operação na casa de parentes de Queiroz em Belo Horizonte para tentar encontrá-la na terça-feira (23), mas não obteve sucesso.
“Para onde ele ia, a viagem ao certo, eu não ficava perguntando… Mas acho que emprestei meu carro umas três, quatro vezes, pelo menos.”
A advogada disse que não lembra quando Queiroz chegou na cidade, mas que enquanto os dois estiveram na casa, conviveram e chegaram a ficar amigos.
Segundo ela, Queiroz passou a viver na casa depois que ela já estava trabalhando na casa. “Eu não lembro direito o mês, mas foi depois disso, depois de maio”, disse. Sobre Queiroz, ela disse que “nunca trabalhou” para ele e que” não tem nada a ver com o caso”. “Acabei conhecendo o Queiroz ali e, a gente querendo ou não, criou um vínculo de amizade assim, né, porque, tinha momentos em que eu estava na casa e outros em que eu não estava. Então, acabei conhecendo ele e a esposa dele.”
Ela conta que nunca recebeu qualquer orientação para vigiar Queiroz enquanto ele esteve na casa de Wassef. “Eu não recebi (…) nenhuma orientação a respeito de… Como se eu estivesse trabalhando como se eu fosse uma vigia dele. Essa não era minha função ali, não.”
O pedido de prisão de Queiroz faz referência a uma pessoa chamada Ana. Os promotores não esclarecem se é a advogada Ana Flávia Rigamonti.
Em uma mensagem interceptada pelos investigadores, a mulher de Queiroz pede que a filha avise Ana que ela e o marido estavam a caminho de São Paulo. Neste mesmo dia, a filha de Márcia enviou à mãe a resposta de Ana: “Pode ficar tranquila que não falo nada, não”.
Já em outro diálogo registrado em novembro de 2019, o filho de Queiroz mandou para Márcia uma mensagem de áudio encaminhada por Ana, em que ela afirma que não teria comentado com o “Anjo” sobre uma viagem de Queiroz e de Márcia, pedindo que “se ele questionar alguma coisa, vocês falam que foi agora”.
Segundo as investigações, “Anjo” era como Queiroz e os parentes se referiam a Frederick Wassef. Ana Flávia diz que não sabe quem é o “Anjo”. Ao ser perguntada pela reportagem se tinha o hábito de chamar o advogado de anjo, ela disse que não, que sempre o chamou de Doutor Fred. Já ao ser questionada se entre ela, o Queiroz e a Esposa, se teve alguma vez que se referirar a Wassef como anjo, ela não respondeu. “Bom, essa pergunta eu prefiro não responder.”
A advogada disse ainda que não sabia responder se Frederick Wassef visitava Queiroz em Atibaia, e que nunca esteve com o senador Flávio Bolsonaro, de quem Wassef era advogado. Ana Flávia Rigamonti disse que deixou o escritório de advocacia em dezembro de 2019 por motivos pessoais.
G1*