Arthur Lira, como registramos há pouco, disse a O Antagonista que os senadores “se ajoelharam, sucumbiram ao lobby da CNI e do Sistema S” ao rejeitarem, na noite de ontem, a minirreforma trabalhista que havia sido aprovada na Câmara.
O presidente da Câmara também falou em “quebra de acordo”. As críticas públicas de Lira provocaram a reação de senadores.
O senador Alvaro Dias, por exemplo, que lidera a bancada do Podemos, afirmou que o Senado “não poderia homologar uma minirreforma mal-ajambrada feita pela Câmara, em regime de urgência urgentíssima”.
“O Lira fez acordo com quem? Porque nós não fizemos acordo algum com ele. A nossa posição é de coerência em relação a jabutis. O nosso voto ontem foi coerente com posições anteriores. Não há nenhuma alteração de comportamento. É evidente que não somos obrigados a chancelar os erros da Câmara.”
Em tom de alerta para a votação do novo Código Eleitoral — que está prevista para hoje na Câmara, antes de seguir para o Senado –, Dias emendou:
“É preciso ficar claro que, talvez, essa decisão de ontem pode ter sido sinalizadora da parte de senadores independentes: não há o propósito dessa consagração do Senado como chancelaria da Câmara. Não queremos passar para a História como carimbadores.”
O senador Plínio Valério, do PSDB, também rebateu as declarações do presidente da Câmara: “De minha parte, não fiz acordo algum sobre minirreforma trabalhista”.
O vice-presidente do Senado, Veneziano Vital do Rêgo, evitou citar Lira, mas afirmou a este site que o projeto rejeitado ontem à noite é “uma matéria repleta de múltiplas impropriedades, além de episódios recentes e nada estimuladores de confiança por parte da Câmara”.
O senador Mecias de Jesus (Republicanos), aliado, em tese, do governo Bolsonaro, disse que “estamos convivendo com uma verdadeira e contínua quebra de acordos e entendimentos entre os Poderes” e cobrou “mais diálogo”.