Por: Carla Araújo – Depois do incômodo gerado na caserna com militares da ativa no governo, principalmente em cargos políticos, o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, antecipou sua ida para a reserva e formalizou o ato ontem ao Comando do Exército.
A decisão de Ramos foi bem recebida nas Forças Armadas, mas ainda há pelo menos duas situações que têm causado incômodo: a longa interinidade do general Eduardo Pazuello na Saúde e a atuação cada vez mais próxima do presidente Jair Bolsonaro com o almirante de esquadra Flávio Augusto Viana Rocha.
No caso de Pazuello, fontes do ministério da Defesa reconhecem que ele ainda tinha ambições dentro do Exército e relevam o seu papel no governo “já que o momento de pandemia permite excepcionalidades”.
Já a situação do almirante Rocha tem gerado desconforto entre alguns militares de alta patente. “Ele tem que tomar uma única e sábia decisão: ir para a reserva”, disse um general que não faz parte do governo. “Militar da ativa ocupando elevados cargos passa para a sociedade a falsa ideia de que as Forças Armadas estão no Governo”, completou.
Nomeado em fevereiro como secretário especial de Assuntos Estratégicos (SAE), Rocha foi promovido a almirante de esquadra em 31 de março deste ano, quando já atuava no Palácio do Planalto.
No comando do órgão que cuida de planejamentos estratégicos de Estado, o almirante tem desempenhado uma função de auxiliar direto do presidente, despachando inclusive de uma sala no terceiro andar, próximo a Bolsonaro. Muitas vezes fardado, Rocha também acompanha o presidente em algumas agendas externas.