Em duas horas de uma live recheada de ataques a governadores, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), imprensa, petistas e, até mesmo, ao governo da Argentina, o presidente Jair Bolsonaro voltou a mentir sobre o processo eleitoral brasileiro, e colocar em xeque a lisura do voto eletrônico no Brasil. Desta vez, entretanto, admitiu: “não temos prova”. A live, ocorrida nesta quinta-feira (29), foi divulgada como “coletiva” pela assessoria de comunicação do Palácio, mas não foram permitidas perguntas pelos jornalistas ao presidente.
Bolsonaro tem escalado disparos contra o sistema eleitoral brasileiro e dito, em ocasiões variadas, que não aceitará a realização de eleições em 2022 caso não seja aprovado pelo Congresso e implementado pelo TSE o voto impresso. Mais do que a simples impressão do voto, as declarações de Bolsonaro são vistas por políticos e representantes de instituições públicas, especialmente do judiciário, como um risco ao sistema democrático brasileiro.
Nos últimos meses, investigações conduzidas pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado têm avançado sobre denúncias de prevaricação do presidente Bolsonaro no que tange ao combate à pandemia. A CPI também apura denúncias de superfaturamento do Ministério da Saúde na compra de imunizantes. Paralelo a isso, pesquisas de opinião apontam para uma queda de popularidade do presidente, a exemplo do Datafolha que em julho divulgou sondagem na qual, para 55% dos entrevistados a gestão era classificada como ruim ou péssima. Bolsonaro também vê ameaçado seu caminho à reeleição em 2022 diante de uma desvantagem contra Lula (PT), ainda no âmbito das pesquisas eleitorais.