Por: Wálter Maierovitch – “O Grito” está entre as pinturas mais famosas do mundo. O norueguês Edvard Munch usou nela tintas fortes e a figura de um desesperado gritando.
Bolsonaro, desesperado pela iminência do processo criminal e das inescapáveis condenações penais, resolveu usar tintas fortes no seu quadro defensivo, negatório de responsabilidade criminal.
Ao culpar terceiros, Bolsonaro tenta se descolar das provas contidas em inquérito da Polícia Federal onde encontra-se indiciado. E busca safar-se das imputações de golpe de Estado, abolição violenta ao Estado democrático de Direito e organização criminosa.
Num primeiro plano pictórico, Bolsonaro admitiu, sem sair do campo da irrelevância criminal, que cogitou o uso de remédios jurídicos para verificar a legitimidade das eleições.
Recordou que, no “iter criminis” (caminho criminal), a mera cogitação não tipifica crimes e nem sanciona pensamentos. O seu iter delinquencial, pela farta prova, passou pela cogitação, percorreu atos preparatórios e avançou pela senda do início da execução dos crimes.