Daniela Freire: Rogério Marinho sabia de trama golpista e não denunciou

GOLPISMO REPRESENTADO
Rogério Marinho é a encarnação do golpismo bolsonarista no RN. O senador e líder da oposição no Congresso, presidente estadual do PL e secretário-geral do partido, tem feito questão de ignorar solenemente todas as provas robustas apresentadas no relatório da PF – com prints de conversas que tinham sido apagadas, com áudios, com imagens em vídeo, com rastreios de entradas e saídas, com confirmação dos comandantes do Exército e Aeronáutica, com delações de gente como Mauro Cid, o “sombra” do então presidente Bolsonaro. E não só isso, ele saiu imediatamente em defesa do ex-chefe, chamando toda a investigação da PF de “truculência”, “narrativas” e “perseguição”.

IMPRESSIONANTE
Escreveu Marinho diante dos fatos estarrecedores: “Ninguém pode matar uma ideia”. Qual ideia? A de impor um golpe da extrema-direita contra o Estado Democrático de Direito no Brasil, incluindo o assassinato de presidente eleito, vice e ministro do Supremo?

NUS
O vergonhoso posicionamento adotado por Marinho logo no primeiro momento da divulgação de partes do relatório da PF deixou o senador potiguar em maus lençóis desde ontem, quando o ministro Alexandre de Moraes retirou o sigilo das investigações, deixando Bolsonaro e os aliados golpistas completamente nus diante da verdade dos gravíssimos fatos. E por efeito cascata, deixou nus também os liderados do bolsonarismo no RN.

ESCANCARADO
Aliás, as tentativas de Rogério Marinho de passar pano para a gravidade dos crimes cometidos pelo ex-presidente junto com o seu candidato a vice na chapa de 2022 Braga Neto, ao lado de assessores diretos e gente do alto escalão das Forças Armadas, utilizando as estruturas do Estado brasileiro contra ele mesmo, também desnuda o falso patriotismo que sempre esteve na pauta bolsonarista. Ora, nenhuma surpresa diante daquele então presidente que bateu continência para a bandeira de outro país (EUA). Mas a prova concreta de que essa gente não é patriota está no relatório da PF, apontando o uso de dinheiro público e da estrutura do Estado para golpear a sua própria população.

CONIVENTE
E embora a PF tenha encontrado anotações dando conta de que houve ressentimento entre os militares golpistas com relação ao senador Rogério Marinho por ele não ter concordado com o plano posto, o que fica claro não é tão somente o posicionamento contrário do líder do bolsonarismo no RN, mas sim o fato de que ele sabia de tudo o que estava sendo planejado e nada fez para impedir. Isso revela que Marinho foi, no mínimo, omisso e conivente com os crimes em execução.

Daniela Freire*

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