O que é pior do que planejar e executar um golpe de Estado para ficar no poder após perder as eleições? Para uma parte significativa do eleitorado, roubar joias ou usar grana dos cofres públicos para bancar seus luxos e necessidades pessoais.
Denunciado, nesta terça (18), por tentar transformar de forma violenta a democracia em geleia, Bolsonaro pode ter uma dor de cabeça ainda maior quando vierem as denúncias que tratem do surrupio das joias doadas ao Brasil pelos árabes ou o uso do cartão corporativo da Presidência.
Defesa da democracia, apesar de ser fundamental, não ganha eleição, é muito etérea nas prioridades da grande maioria, que quer ver como governantes vão melhorar suas vidas. Mostrar que o adversário roubou para proveito próprio, tirando grana que poderia ser usada para outras demandas públicas tem mais potencial. Quem discorda disso, não vê muito além de sua própria bolha.
Ser acusado de “ladrão de joias” é bem mais palpável do que “golpista” para uma parcela da população que votou em Bolsonaro, mas não é seu fã (quem é seguidor radical acredita em absolutamente qualquer coisa). Mas o grupo que acreditou na narrativa de que Jair era um homem “honesto” e estava acima da corrupção ou que, ao menos, acreditava estar apoiando o “mal menor” pode ser impactado com esse tipo de coisa.
Diante da denúncia de Gonet, o bolsonarismo pergunta nas redes: “o que ele roubou para ser tratado como bandido?”, cinicamente ignorando o roubo coletivo de direitos e garantias representado por uma tentativa de golpe. A pergunta fica mais fácil de ser compreendida por muita gente quando diamantes aparecem na jogada.