É a primeira vez que sou chamado de burro, mas Guedes deve estar meio confuso, diz Marcos Pontes

Xingado por Paulo Guedes (Economia) durante reunião com parlamentares na terça-feira (26), o ministro Marcos Pontes, da Ciência e Tecnologia, diz que é a primeira vez que foi chamado de burro na vida.

No encontro com deputados da comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara, o titular da pasta da Economia disse que o corte de R$ 600 milhões apontado pelo ministro-astronauta foi, na verdade, um remanejamento de recursos não executados da pasta, por incompetência de Pontes, que não estava presente.

“Sobre as falas do PG [Guedes], não tem muito o que comentar. A parte engraçada é que já fui chamado de muita coisa, mas de burro é a primeira vez”, diz Pontes ao Painel, por mensagem.

O ministro da Ciência diz não ver problemas nos ataques desferidos pelo colega de governo. “Como diria meu saudoso professor de Química do ITA [Instituto Tecnológico de Aeronáutica], Dr. Carl Weis: ‘Isso não me comove…’. (Os Iteanos mais antigos vão se lembrar)”, completa.

Ele recorre à sua experiência no universo aeronáutico para dar compreensão ao atrito com Guedes.

“Lembre-se que astronautas e pilotos de combate são profissionais altamente treinados para trabalhar em equipe, mesmo em situações extremas de vida ou morte”, diz o ministro. “Às vezes, voando em formação, um piloto comete um erro e ‘dá uma asada’ para cima de você. Você desvia, corrige e continua o voo para cumprir a missão da equipe.”

Pontes diz que continua a ter o mesmo respeito pessoal por Paulo Guedes e diz que tem que dar um desconto ao colega.

“Ele está em um momento difícil e deve estar meio confuso para expressar suas ideias. Não seria a primeira vez que ele foi mal interpretado em suas falas”, diz.

Ele afirma que Guedes não deve ter tido tempo de entender como funciona a execução no MCTI, “que todo ano é superior a 99%”, ou sobre a governança do FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), ou sobre a importância de ter recursos prontos para testes clínicos das vacinas nacionais assim que liberadas pela Anvisa, ou, principalmente, sobre a diferença entre recursos reembolsáveis e não-reembolsáveis.

“O importante neste momento não são essas discussões de narrativas. Isso não leva a nada”, afirma Pontes, destacando que a prioridade deve ser a reposição dos R$ 600 milhões retirados da pasta pelo Projeto de Lei do Congresso 16/2021.

“A gestão financeira do MCTI é muito eficiente. Assim que for liberado o recurso, iniciaremos a execução. Mas há um limite de tempo hábil para isso. Daí a urgência”, conclui o ministro.

Folha de S. Paulo

Gostou? Compartilhe...

Mais Sobre Brasil

Rolar para cima