Faltou o polígrafo na entrevista de Sergio Moro a Pedro Bial

Por: Chico Alves – Na entrevista com o ex-juiz Sergio Moro que foi ao ar na madrugada, Pedro Bial não usou polígrafo, o aparelho detector de mentiras que o apresentador considera indispensável para conversar com o ex-presidente Lula. Não se sabe se o aparelho estava quebrado ou se Bial confia em Moro, mas teria sido interessante observar o efeito de algumas respostas do suposto presidenciável sobre a geringonça.

Principalmente no trecho em que ele trata da eleição de 2018. “Eu não interferi naquele processo eleitoral”, disse Moro, o homem que determinou a prisão de Lula e depois teve a sentença anulada pelo Supremo Tribunal Federal. Se tirar da disputa o principal oponente de Jair Bolsonaro não é interferência, o que seria?

Além disso, em outubro de 2018, Moro divulgou um trecho da delação do ex-ministro Antonio Palocci à imprensa na reta final da campanha. Sobre esse assunto, teve a coragem de dizer: “É uma falsa narrativa, isso foi antes do primeiro turno. Nem havia uma disputa ainda entre Haddad e Bolsonaro”.

Nesse momento, um polígrafo faria de tudo para chamar a atenção de Bial — um apito, talvez?. O vazamento da delação de Palocci ocorreu a seis dias da votação, com a polarização totalmente cristalizada entre o atual presidente e o candidato petista, Fernando Haddad — a pesquisa Datafolha divulgada em 4 de outubro de 2018 deu Bolsonaro com 35% das intenções de votos e Haddad em segundo com 22%. Como assim, “não havia uma disputa”?

Como se viu depois, quando Intercept e Folha de S. Paulo divulgaram as mensagens de aplicativos trocadas entre o ex-magistrado e a força-tarefa da Lava Jato, ele próprio classificou a delação de Palocci como “fraca”.

Nesse momento da entrevista, Moro saiu do estilo comedido que costuma exibir. Sem a menor cerimônia, disse que se tivesse anunciado sua participação no futuro governo antes da eleição, Bolsonaro teria vencido “de lavada”.

Autoestima é isso aí.

Outro momento-polígrafo interessante seria durante a explicação da mudança radical de posição que assumiu, desde quando disse, em 2016, que jamais entraria na política. Justificou-se afirmando que foi convidado a liderar um “projeto de pais” para “recuperar todos aqueles sonhos perdidos “.

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