Flávio diz haver um contrato de gaveta para golpe em 27. E agora, imprensa?

Por Reinaldo Azevedo – O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) — vocês sabem quem é porque, no caso, nome é destino — concedeu uma entrevista à Folha e pregou um golpe de estado. Não se refere às barbaridades investigadas na ação penal em curso no Supremo. Obviamente, nesse caso, ele sustenta que nada de grave aconteceu; seria tudo uma invenção de adversários. O filho mais velho de Jair Bolsonaro defendeu que o presidente ou presidenta da República, em 2027, se pertencente a seu grupo e no caso de ser contrariado (a) pelo STF, mande que os militares passem com os tanques sobre o tribunal. Mais grave: ele informa que a conspiração já está em curso, que a unção de seu pai passa pelo compromisso com uma futura intentona e que isso não será dito às claras agora. Logo, já sabemos que o ungido pelo “Mito” terá necessariamente um contrato de gaveta que prevê rasgar a Constituição.

E tudo foi dito, assim, com tranquilidade, como se estivesse a fazer digressões sobre a coisa mais inofensiva do mundo. Talvez o bate-papo tenha sido mediado por educados cafezinho e água. Não tivesse vendido a fantástica loja de chocolates, a mais lucrativa da Terra em moeda sonante, poderia ter oferecido alguns bombons recheados de truculência, mas recobertos de substância adocicada. Eis aí mais uma advertência àqueles que avaliam que esses ditos “patriotas” se dedicam a uma forma um tanto particular do jogo democrático.

Será que exagero? Não peço que acreditem em mim. Creiam, para revelar o pensamento do entrevistado, nas suas palavras. E as palavras, como sabem, fazem sentido. Há circunstâncias em que o contexto pode emprestar aos vocábulos um alcance que o dicionário não oferece. No caso de Flávio, a tessitura do discurso só reforça a pregação golpista e revela o avesso de sua cordialidade — que, de fato, se manifesta como ameaça.

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