Por Josias de Souza – Na definição do escritor irlandês James Joyce, a história é um pesadelo do qual estamos tentando acordar. No caso do incêndio que há cinco anos matou dez adolescentes no Ninho do Urubu, o centro de treinamento do Flamengo, a história é o dossiê criminal de uma culpa documentada. O déficit de responsabilização judicial condena os familiares dos rapazes mortos a um pesadelo perpétuo, do qual é impossível acordar.
O Flamengo joga no esquecimento. Seus dirigentes sabem que, no Brasil, quem aposta na falta de memória não costuma se arrepender. É contra esse pano de fundo que estreou na Netflix, nesta quinta-feira, a minissérie documental “O Ninho: Futebol & Tragédia”. Nasceu de uma ideia original do UOL. Foi produzido por A Fábrica. A direção coube a Pedro Asbeg. Tem três preciosos episódios. Reconstituem, com sensibilidade e apuro técnico, uma história sobre o sofrimento que a imperfeição humana pode causar.