Inflação alta faz brasileiros mais pobres substituírem alimentos saudáveis por comida ultraprocessada

Por Adriana Amâncio – Marco Zero Conteúdo

A volta da fome significa também que, além de comer menos, a maioria dos brasileiros está comendo mal. A inflação dos alimentos, que nos últimos 12 meses acumulou alta de 11,73%, está contribuindo para o aumento do consumo de ultraprocessados. Análises feitas pela equipe do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens/USP) com base nas Pesquisas de Orçamentos Familiares (POFs) do IBGE indicam um crescimento no consumo desses produtos entre os 60% mais pobres do Brasil desde a início da crise econômica, ainda no governo de Michel Temer.

Mesmo com a desaceleração de 0,6% para 0,3% constatada na análise que comparou os estudos de 2002/2003 e 2008/2009, com estudos de 2008/2009 e de 2017/2018, há razões para se preocupar. A vice-coordenadora do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens), Patrícia Constante Jaime, explica é preciso atentar para os fatos recentes como o desmonte das políticas públicas de alimentação e nutrição, a pandemia de Covid-19 e a inflação dos alimentos:

“Não há dúvidas de que esse contexto alterou a alimentação da população brasileira, possivelmente refletindo no aumento do consumo de alimentos ultraprocessados”, afirma. Novamente, a conta pesa no bolso das camadas mais pobres, que precisam fazer a troca injusta entre comida saudável e comida ultraprocessada.

Uma das razões que explica esse crescimento está no fato da alta de preços dos alimentos in natura ser maior do que dos ultraprocessados, tornando mais viável, por exemplo, comprar um pacote de macarrão instantâneo por R$ 2,00, em vez de um maço de alface, que em Recife, custa R$ 4,00.

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