Joias: caso é “gravíssimo” e provas contra Bolsonaro são “abundantes”, diz Kakay

Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, considerado um dos maiores advogados criminalistas do país, avaliou em entrevista à Fórum que o indiciamento de Jair Bolsonaro no âmbito do inquérito das joias é “gravíssimo” e considerou que as provas apresentadas pela Polícia Federal (PF) contra o ex-presidente são “abundantes”

Bolsonaro e outras 11 pessoas foram indiciados pela Polícia Federal (PF)  por associação criminosa, peculato e lavagem de dinheiro. Nesta segunda-feira (8), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirou o sigilo do relatório enviado pela PF que, entre inúmeras evidências, aponta que Jair Bolsonaro liderou uma organização criminosa para desviar mais de R$ 6 milhões com vendas ilegais de joias e artigos de luxo do Estado brasileiro recebidos em viagens oficiais.

Segundo Kakay, a PF está “desvendando todo o trabalho da organização criminosa” e, em sua avaliação, os investigadores realizaram “um trabalho técnico irrefutável” que deve resultar em denúncias oferecidas pelo Ministério Público Federal (MPF) e que têm potencial de tornar o ex-presidente réu. Para o criminalista, o “cerco está se fechando” contra Bolsonaro.

“Nós temos um desvendamento que agora a gente começa a entender. Porque a PF foi muito cuidadosa. Tem um trabalho que demonstra que eles [Jair Bolsonaro e os outros indiciados] cometeram um peculato, a comprovação de que o Bolsonaro determinou a venda das joias, sabia, concordou, e que coordenava a organização criminosa está ficando muito óbvia no trabalho da PF (…) Me parece que está sendo fechado um cerco onde você tem os motivos que levaram a essa organização criminosa a vender joias”, analisa

Kakay aponta que esses motivos passavam por “interesses financeiros”, que é “algo gravíssimo vindo de um presidente da República. O advogado, entretanto, vai além: ele acredita que o caso das joias se conecta com a fraude no cartão de vacina de Bolsonaro para entrar nos Estados Unidos ao final de seu mandato, motivo pelo qual o ex-presidente também foi indiciado, e com a tentativa de golpe de Estado no Brasil em janeiro de 2023 – outra investigação da PF que mira o ex-mandatário. 

De acordo com o criminalista, é possível que o MPF junte os três casos e ofereça uma só denúncia contra o ex-presidente, estabelecendo conexão direta entre os fatos. 

“Você tem o desvendamento da questão da vacina, que talvez tenha sido feito exatamente para que ele [Bolsonaro] pudesse sair do país, quando acontecesse o que aconteceu, que é a derrota nas eleições. Ele não quis passar a faixa, ele preferiu se ausentar do país porque sabia que estava prestes a acontecer uma tentativa de golpe de Estado. Talvez até como uma forma de defesa, ele queria estar fora do país no momento em que ocorresse o golpe, para voltar depois como ditador, dizendo que, no entanto, não participara do golpe se tivesse algum problema”, opina Kakay

Revista Forum*

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