Juiz Marcelo Bretas é citado em escutas da Operação Favorito, que prendeu o empresário Mário Peixoto, após decisão do próprio magistrado

O juiz Marcelo Bretas, responsável pelos casos da Lava Jato em primeira instância no Rio, é citado em interceptações telefônicas da investigação Operação Favorito, que prendeu o empresário Mário Peixoto, após decisão do próprio magistrado.

A Sétima Vara Federal Criminal informou que Bretas não vai se manifestar. O MPF afirma que o trecho citado na reportagem não diz respeito ao objeto das investigações, ou seja, as fraudes nos contratos com Organizações Sociais comandadas por Peixoto.

Em uma escuta telefônica realizada pela polícia, Luiz Roberto Martins, operador financeiro de Peixoto, e Elcy Antonio dos Santos Silva, ex-diretor da Organização Social (OS) IDR, que seria ligada ao empresário, conversam sobre contratações emergenciais na Saúde.

ELCY: Hoje o governador do Rio, você viu o que ele fez? Impôs sigilo em todos em todos os documentos de contratação de emergência lá.

LUIZ: Pediu sigilo?

ELCY: Impôs sigilo. Não pediu não! Impôs! Naqueles contratos que fizeram de emergência com o Governo do Estado, ele impôs sigilo.

Em abril, após as primeiras denúncias de fraudes nas contratações da Secretaria Estadual de Saúde, parte dos processos se tornou sigilosa.

Uma sindicância foi aberta à época para determinar quem foi o responsável, mas ela foi suspensa sem resultados.

Em outro momento do mesmo diálogo, Luiz e Elcy afirmam que o Ministério Público está de olho em todos os contratos emergenciais e citam o juiz Marcelo Bretas.

O trecho está no relatório da PF e faz parte do processo, mas não consta na denúncia apresentada pelos procuradores da Lava Jato.

LUIZ: O nosso Governador, o WW, ele tinha um parceiro que estava encobrindo as coisas dele, que é um ‘’tripolar’’, que é o nosso juiz, o Bretas. E de repente o Bolsonaro cooptou o Bretas.

ELCY: É, vai ser ministro.

LUIZ: E hoje, e hoje a ideia do Bretas é colocar o Witzel na cadeia.

Bretas foi quem determinou a prisão de Mário Peixoto e do próprio Luiz Roberto Martins, além de outros seis alvos, na semana passada.

Outro trecho da mesma ligação, desta vez incluído na denúncia, faz referência ao magistrado.

LUIZ: Eu sei porque o nosso amigo, o meu amigo lá, esta em maus lençóis. Mas já botou uma tropa de choque.

ELCY: Já está com a barba de molho.

LUIZ: Não, botou uma tropa de choque pra trabalhar, e tá pagando um cachêzinho, aquele cachêzinho básico R$ 500 mil para um, R$ 1 milhão para outro. Que Ele não é brincadeira não. Só de janeiro e fevereiro são dois emergenciais. Um na CST Tecnologia, lá na FAETEC,de R$ 35 milhões de reais na Átrio. E outro de R$ 26 milhões no DETRAN. Ele não tem jeito, ele é do c****, aquele … mas por quê?

ELCY: Deixa eles se picarem

LUIZ: Porque o Bretas não consegue pegar o WW, mas está querendo pegar um dois. Ou o amigo, o MP (Mario Peixoto) ou Pastor.
Para os policiais, pastor seria o prefeito do Rio, Marcelo Crivella. Mas, segundo fontes, outro pastor ligado a Mário Peixoto é Everaldo Dias da Silva, o Pastor Everaldo.

Ele é presidente nacional do PSC, partido do Governador, e com forte influência nas secretarias do estado.

O governador Wilson Witzel também já havia sido citado por Luiz. Em entrevista coletiva nesta terça-feira, ele falou sobre o assunto.

“Essas pessoas tem que ser investigadas julgadas e responsabilizadas. Esse sujeito que falou, é mentira, será processado por mim. Essa mesma pessoa, Luiz Roberto, ele fez em relação a mim, e falou do juiz Bretas dizendo que ele estaria acertado com o Bolsonaro pra me prejudicar. A mesma fala que cita coisas absurdas, da minha parte com certeza, da outra espero que também. Frases de terceiro tem que ser levadas com parcimônia. Estou absolutamente tranquilo”.

G1

Gostou? Compartilhe...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Mais Sobre Brasil

Rolar para cima