Pesquisa feita em parceria com o Instituto Tecnológico Vale (ITV), o Museu Paraense Emílio Goeldi, a Universidade Federal do Pará (UFPA) e a UFRN descobriu uma nova espécie de uma ave, conhecida como choca-do-nordeste-de-cauda-barrada (Sakesphoroides niedeguidonae). Publicada no periódico Zoologia Scripta, o estudo observou que o pássaro possui características genéticas distintas da já conhecida choca-do-nordeste (Sakesphoroides cristatus).
A interação do ambiente em que ocorre a choca-do-nordeste foi importante no surgimento da espécie recém-descoberta. Alterações climáticas e mudanças no Rio São Francisco separaram o grupo de aves em duas espécies. Assim, surgiu a ave com cauda barrada: possuindo divergências nas suas penas e até no seu canto. Os pesquisadores também notaram diferenças no próprio organismo das aves — a ponto de observarem uma variação genética de 1,8% entre os grupos de animais.
Os pesquisadores colheram 58 amostras de material genético e analisaram 1079 aves, tendo coletado, ainda, uma fêmea encontrada na Serra Vermelha, em São Raimundo Nonato (PI). Após a coleta dos dados, a equipe responsável verificou 568 registros de ocorrência, entendendo como as linhagens tinham um histórico de parentesco. O resultado do estudo inclui a descoberta de padrões distintos de canto, cuja característica tem relação com a plumagem das aves.
“Essa espécie nova, que vive na região mais ao norte e a oeste do Rio São Francisco, pode estar enfrentando uma diferença de perda de habitat maior do que a espécie já conhecida”, atenta Mauro Pichorim, pesquisador da Departamento de Botânica e Zoologia (DBEZ) da UFRN que participou do estudo. No entanto, a ave, endêmica da Caatinga, não está em processo de ameaça de extinção, ainda que alguns animais onde o bioma está sendo alterado já estejam passando por essa situação.
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