Sem bater abaixo da cintura, Lula vence por pontos o Bolsonaro sem limites

Por Reinaldo Azevedo – Quem venceu o primeiro debate do segundo turno entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), realizado por um pool que reuniu UOL, Folha, Band e TV Cultura? A resposta não é simples porque depende, na verdade, do que se quer perguntar. Se as próximas pesquisas indicarem que o atual presidente se aproxima do ex, então se dirá: “Bolsonaro” — tenha ou não sido em razão do confronto. Jamais se saberá. Se a distância aumentar, vai-se responder: “Lula” — idem, idem. Se nada acontecer, então se vai concluir que houve empate. No levantamento que a Quaest faz das redes, o petista obteve uma média de 44,5% de menções positivas, e seu opositor, de 36,5%.

Revi o debate. Acho, e creio que seja uma análise objetiva, que Lula deu, apesar de maus momentos, as melhores respostas, evidenciando mais domínio dos temas de que tratava e se comportando, vamos dizer, de um modo mais presidencial. “Ah, você não quer que Bolsonaro vença”. Não é segredo para ninguém. Hoje, ele já é danoso para a democracia. Se reeleito, é candidato a destruí-la. Mas não creio que tal consideração turve o meu juízo sobre o encontro. A vitória de Lula se deu por pontos, não por nocaute.

O petista saiu-se muito melhor do que o adversário no primeiro bloco, que começou com uma questão sobre Orçamento, feita pelo mediador, mas foi dominado mesmo pelo desempenho do governo no enfrentamento da Covid-19. Não vou entrar em minudências do que disseram um e outro, mas o fato é que Bolsonaro não conseguiu defender o indefensável e foi acuado por Lula. Agressivo — e tenho dúvidas se Lula percebeu na hora –, afirmou o seguinte quando o ex-presidente informou ter perdido a sogra para a doença: “Fez discurso em cima do caixão da esposa e está se comovendo pela sogra. Sr. Lula, entenda uma coisa, Sr. Lula, entenda uma coisa, por favor: os enterros eram com caixão lacrado, ninguém podia ir ao enterro, nem familiares. E eu visitei hospitais, sim, e o senhor não tem conhecimento. Só que eu não preciso fazer propaganda do que faço. Me comovi. Me preocupei com cada morte no Brasil”.

Lula o havia acusado de não se solidarizar com famílias que perderam entes queridos para a doença e de não visitar hospitais. De fato, não fez nem uma coisa nem outra. Sem limites, referiu-se do modo como se lê acima à perda de dois familiares de seu oponente. A empatia não é, definitivamente, uma das características de sua personalidade. A superioridade do petista, no primeiro bloco, foi inquestionável.

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