Entre janeiro e abril de 1963, os cerca de nove mil habitantes de Angicos, no sertão do Rio Grande do Norte, não poderiam imaginar que fariam parte de uma verdadeira revolução da educação, cujos reflexos são debatidos até hoje.
Então com 75% de sua população formada por analfabetos, a cidade viu 300 de seus moradores aprenderem a ler e escrever em 40 horas de aulas, ministradas pela equipe de jovens universitários liderada por Paulo Freire.
A aplicação do método que leva o nome do pedagogo pernambucano, reconhecido mundialmente, ganhou caráter histórico quando a sua última aula, em 2 de abril, foi dada pelo próprio presidente da República, João Goulart.
A cerimônia de formatura contou com a presença de outras autoridades, como o governador potiguar Aluízio Alves e o então comandante da Região Militar no Recife, o general Castelo Branco — que, ao final da formatura teria dito a jornalistas que estavam “engordando cascavéis nesses sertões”.
Do Globo