O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, anunciou a segunda fase de flexibilização da quarentena na capital carioca, que inclui a liberação das competições esportivas. Dessa forma, o Campeonato Carioca de futebol será o primeiro a ser retomado no Brasil. E Flamengo e Bangu já entram em campo nesta quinta-feira 18/6), no Estádio Maracanã, pela Taça Rio, com portões fechados. Apesar da proibição de público, autoridades são permitidas e o presidente Jair Bolsonaro pretende comparecer ao jogo. Botafogo e Fluminense, porém, se mantém contrários ao retorno das partidas sem que haja o controle da pandemia.
A reunião da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) com os clubes durou mais de oito horas. Com apoio da maioria dos times, ficou acordado a retomada do Carioca a partir de sábado. Mas com a flexibilidade para as equipes poderem retornar até dois dias antes, casos de Flamengo e Bangu. A tabela segue com Portuguesa x Boavista, na sexta-feira; Vasco x Macaé e Madureira x Resende, no domingo; e Fluminense x Volta Redonda e Botafogo x Cabofriense, na próxima segunda-feira.
Em nota, a Federação carioca disse que o presidente da entidade, Rubens Lopes, reafirmou “não abrir mão dos pilares de preservação da saúde individual e coletiva e contribuir ao combate à disseminação da covid-19; obediência às determinações das autoridades; e observância do Protocolo rigoroso e técnico com bases científicas”.
O Estado do Rio registrou mais 239 mortes e 2.397 novos casos da covid-19, apenas nas 24 horas entre a reunião que definiu a data da retomada do Carioca, na segunda-feira, e o novo encontro virtual para debater os detalhes dessa volta, ontem à noite. O Rio de Janeiro é o segundo estado, em números absolutos, no ranking da pandemia no Brasil, atrás apenas de São Paulo. Até ontem à noite, o Rio somava 7.967 vidas perdidas e 80.343 contaminados pelo novo coronavírus, segundo dados do Ministério da Saúde.
Antes da reunião, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) recomendou que o Carioca só fosse retomado caso se cumpra as condições específicas, como a elaboração de um protocolo técnico-científico que leve em consideração as fases da curva de contágio da pandemia, e que tenha aprovação da Secretaria de Saúde Estadual, além de ter fiscalização rigorosa para o cumprimento das normas.
Uma outra reunião será realizada, hoje, para definir algumas diretrizes para o retorno do Estadual. Por enquanto, o protocolo Jogo Seguro, desenvolvido entre Ferj e clubes, definiu que apenas os estádios Maracanã, Nílton Santos e São Januário poderão ser usados na retomada do Carioca.
JudicializaçãoFluminense e Botafogo, porém, mantiveram as posições contrárias quanto ao retorno ainda neste mês, e prometeram acionar a Justiça caso a Federação mantenha os jogos dos dois times agendados para o dia 22. “É uma decisão de profunda desconexão com a realidade. Infelizmente, a maioria dos clubes entendeu ser o momento de voltar a disputar jogos, a despeito do cenário caótico vivenciado. O futebol impacta, sobremaneira, a vida das pessoas e a mensagem para a sociedade que se deveria passar, neste momento, não é de competição ou disputas”, lamentou o presidente do Botafogo, Nelson Mufarrej, em nota à imprensa. Assim como o Alvinegro, o Tricolor defendeu desde o início que se aguardasse a curva da covid-19 se estabilizar no Rio para retomar os treinos presenciais, que ainda não ocorreram em nenhum dos dois times.
Como o debate inicialmente indicava a retomada do futebol carioca no início de julho, o Botafogo realizou os exames para coronavírus apenas na semana passada, enquanto o Fluminense fez os testes somente ontem e aguarda os resultados para estudar as próximas ações. Ambos argumentam ainda que o tempo não é hábil para recuperar a preparação física, técnica e tática dos elencos para jogar já daqui a alguns dias.