Considerado um juiz discreto e rigoroso, Flávio Itabaiana relatou a pessoas próximas a frustração com a decisão da 3ª Câmara Criminal do TJ do Rio que tirou a investigação sobre o possível esquema de rachadinha no antigo gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj da vara da qual é titular. A amigos, disse, pouco depois da sessão de ontem que mudou o foro do caso: “Por que eles têm tanto medo de mim?”.
Desde que assumiu o caso, em 15 de abril do ano passado, o titular da 27ª Vara Criminal da Capital se viu sob forte pressão, que incluiu duas ações da Corregedoria-Geral de Justiça em sua vara ao longo do inquérito. O juiz disse que não esperava ter de deixar agora o caso mais importante em 25 anos de magistratura.
Segundo relato de pessoas que o procuraram após a decisão de ontem, Itabaiana afirmou ter se mantido “firme” e “com paciência” enquanto presidiu o caso.
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O juiz evitou comentar sobre o futuro do caso no Órgão Especial do Tribunal de Justiça. Sua única certeza, comentada nessas conversas privadas, foi ter colhido alguns inimigos no próprio Judiciário fluminense em decorrência das decisões que tomou, especialmente as de quebra de sigilo dos investigados, incluindo o senador Flávio Bolsonaro, as de busca e apreensão e as recentes prisões de Fabrício Queiroz e mulher, Márcia.
O juiz evitou avaliar a decisão tomada pela 3ª Câmara Criminal, mas afirmou crer que as suas decisões tomadas no curso do inquérito serão validadas pelo futuro relator do caso. As defesas de Flávio Bolsonaro e de Fabrício Queiroz vão recorrer das medidas cautelares determinadas por Itabaiana nos últimos meses, como a quebra de sigilo bancário do senador e a prisão preventiva de seu ex-assessor.
O GLOBO