O ex-senador Jean Paul Prates fez duras críticas nesta quarta-feira 24 à forma como o PT tem escolhido seus candidatos no Rio Grande do Norte. Em entrevista ao programa Central Agora RN, da TV Agora RN (YouTube), Prates disse estar “decepcionado” com a distância entre o discurso de democracia interna do partido e a prática atual de definições centralizadas.
De acordo com Jean, o PT potiguar está vivendo uma “Raimundocracia” – uma espécie de regime em que o secretário-chefe do Gabinete Civil do Governo do Estado, Raimundo Alves, decide sozinho. Raimundo tem sido um dos principais interlocutores do partido e é homem forte da gestão da governadora Fátima Bezerra.
Para o ex-senador, o processo que levou à indicação do secretário de Fazenda, Cadu Xavier, como pré-candidato ao Governo do Estado em 2026 exemplifica esse fenômeno. Ele diz que não houve discussão interna.
“Quando se lança candidato sem discutir com a base, quando a gente não debate mais, não se reúne para isso, quando a gente faz uma eleição para presidente nacional lindíssima, mas logo depois começa-se a escolher candidato sem nenhum processo decisório participativo, eu começo a desconfiar do discurso e da prática”, afirmou Jean.
Jean Paul destacou que mantém respeito pela militância do PT, especialmente no interior, mas que não reconhece o mesmo espírito democrático na direção estadual. Para ele, a condução das escolhas está concentrada nas mãos de Raimundo Alves.
“(…) O partido, neste aspecto da escolha de candidatos, é comandado por Raimundo Alves. Raimundo é o comandante do PT. Depois que ele dá aquela entrevista definitiva, todo mundo, imediatamente, sai obedecendo aquilo e fazendo exatamente como ele planeja”, disse.
“Raimundocracia”
O ex-senador ironizou o peso político de Raimundo Alves dentro do partido. “É ele que decide? No escurinho do Gabinete Civil, sei lá, sozinho? E depois todo mundo diz ‘amém’, ‘amém’, ‘beleza’? É isso mesmo? É mais inteligente que todo mundo?”, questionou.
Ele disse ainda que já havia usado antes o termo “caciquismo” para se referir ao modelo de decisão, mas que a expressão foi rejeitada por aliados. “Então está bom, é uma Raimundocracia. Inclusive com Fátima. Porque podem dizer ‘mas Fátima manda nele’, ‘aquilo é com o beneplácito dela’. Então, estão errados os dois”, completou.
Agora RN*