Marinho versus Alves: a história se repete

Rogério Marinho tem desfrutado de notório prestígio junto ao Governo Federal, sendo publicamente elogiado e ungido pelo presidente Jair Bolsonaro como seu fiel escudeiro e candidato ao Senado pelo Partido Liberal do RN. Todo esse prestígio vem em razão do papel que desempenhou no Ministério do Desenvolvimento Regional como também por ter incorporado de forma brilhante os preceitos defendidos pelo bolsonarismo.

Sua carreira tem um misto de derrotas e vitórias, comuns a qualquer0 político, é claro. Conquistou mandato de vereador em 2004 e deputado federal em 2006, entretanto enfrentou insucessos em outras reeleições.

Marinho sempre sonhou em chegar à Prefeitura de Natal e alçou voo em duas tentativas. A primeira foi em 2008, quando teve sua candidatura preterida pelo PSB de Vilma de Faria e Carlos Eduardo que, a pedido de Lula, apoiara a então deputada Fátima Bezerra.

Naquela época um dos seus principais antagonistas, senão o principal, foi Carlos Eduardo Alves, prefeito da capital, que articulou com a governadora tanto o apoio local à postulação de Fátima Bezerra, como desarticulou qualquer chance de Marinho reverter seu veto no congresso nacional do PSB naquele ano. Marinho tentava junto à executiva nacional do partido reverter à decisão do diretório local, mas obteve uma dolorosa derrota tendo como fiador Carlos Eduardo Alves. Este fato ocasionou a sua saída do PSB e uma mágoa irrenunciável.

Nas eleições municipais de 2012, já no PSDB, ele se candidata e tem pela frente como adversário novamente Carlos Eduardo Alves. Naquele ano as condições políticas não eram favoráveis o que resultou numa tímida votação que o deixou no quarto lugar entre os concorrentes e restando como vitorioso no segundo turno seu carrasco de 2008.

Agora em 2022 a história de enfrentamento retorna à baila. Novamente Marinho e Alves estão em lados opostos em uma candidatura majoritária, desta feita para o Senado da República. Aliás, a história de disputas entre as duas famílias não começa em 2008, mas data de 1960, quando Djalma Marinho, avô de Rogério Marinho, enfrentou Aluízio Alves, tio de Carlos Eduardo, na disputa para o Governo do Estado do RN. Nesta eleição os Alves impuseram a primeira derrota aos Marinho.

De lá para cá, outras se sucedem, como em 1974 quando Djalma Marinho concorre ao Senado pelo ARENA (partido de sustentação da Ditadura Militar) com todo o apoio do governo federal, governo estadual e prefeituras, contra Agenor Maria, por sua vez apoiado pelos Alves. Contrariando todas as expectativas, Agenor Maria e os Alves vencem Djalma Marinho e mais uma derrota entra na conta.

O tempo passa, o mundo gira e as coincidências políticas ganham contornos que vão além de uma mera eleição. Para Marinho, lograr êxito neste pleito é mais do que vencer. É também uma redenção, uma vendeta que vem de 1960, passar por 1974, se agudiza em 2008, hiperboliza em 2012 e desemboca em 2022 com contornos de série televisiva.

Blog do Barreto*

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