Debate na Assembleia Legislativa reúne reitores eleitos das instituições federais de ensino sob ataque no RN

Para o reitor eleito do Instituto Federal do Rio Grande do Norte José Arnóbio de Araújo Filho, a intervenção nas instituições de ensino pelo Governo Bolsonaro é um grande acordo para que o desmonte do ensino superior no Brasil seja realizado sem questionamentos pelas administrações centrais das universidades e institutos.

Arnóbio foi um dos convidados da audiência pública que debateu nesta quarta-feira (9) o ataque à autonomia universitária do país, em especial no Rio Grande do Norte. Ao todo, 11 instituições, entre universidades e institutos, estão sob intervenção no Brasil.

O debate foi convocado pela Frente Parlamentar em Defesa das Universidades Públicas e Institutos Federais da Assembleia Legislativa, presidida pelo deputado estadual Francisco do PT.

– Há um grande acordo feito que tem o objetivo do desmonte das universidades. O discurso do sucateamento é interessante para o poder central porque (o governo federal) não terá oposição dentro da instituições. É proposital colocar à frente das reitorias pessoas que dialogam com a tentativa de desmonte do estado brasileiro”, analisou Arnóbio de Araújo.

Além do reitor eleito no IFRN, também participaram do evento o reitor eleito da UFERSA Rodrigo Codes, a deputada federal Natália Bonavides (PT), o presidentedo Adurn-Sindicato Wellington Duarte, a presidenta da Atens Ângela Lôbo, a coordenadora-geral do Sinasefe Nadja Costa, além dos coordenadores-gerais do DCE no IFRN Felipe Garcia e na UFERSA Ana Flávia Barbosa, vítima de um inquérito aberto na Polícia Federal a pedido da terceira colocada Ludmilla Serafim, nomeada reitora por Jair Bolsonaro.

Rodrigo Codes fez um apelo para que a sociedade não naturalize esse ataque à autonomia das universidades:

– É uma afronta à autonomia universitária, assim como ocorre hoje em outras 10 instituições federais de ensino do país. Não podemos naturalizar esse fato. Sem a nossa autonomia administrativa estamos sujeitos infelizmente a esse tipo de situação”, disse.

Propositor da audiência, Francisco do PT lembrou que chegou a solicitar ao deputado federal Rafael Motta (PSB), coordenador da bancada federal do Rio Grande do Norte, para que intermediasse junto ao Governo Federal uma alternativa para a intervenção nas instituições de ensino do Estado.

– O governo que está no poder já mostrou diversas veze que não dialoga, que não é democrático”, disse

A deputada federal Natália Bonavides (PT) também destacou os cortes nos orçamentos, especialmente a partir do golpe contra Dilma. E ressaltou que as intervenções tem levado ao autoritarismo nas instituições sob ataque:

– Os ataques vêm desde o golpe contra Dilma, um governo que criou políticas para facilitar o acesso dos mais pobres às instituições federais de ensino. E aqui no Rio Grande do Norte, duas dezenas de cidades sediam essas instituições. Mas nesse governo, estudantes e professores são tratados como inimigos. Os cortes no financiamento que vimos desde o ano passado são uma das faces do autoritarismo. Esse autoritarismo que estamos conhecendo bem por causa da nomeação ilegal de um interventor que sequer participou das eleições”, disse, em referência aos IFs.

Resistir às intempéries

Presidente da Adurn-Sindicato, Wellington Duarte lembrou os cortes na ciência e tecnologia, além da redução no orçamento na Educação já anunciados pelo Governo. O sindicalista demonstrou preocupação também porque os efeitos das intervenções no IFRN e na UFERSA são sentidos na UERN:

– Esse governo não tem nenhuma preocupação em construir o desenvolvimento de uma IFs, UFs, e isso rebate na UERN, esse arcabouço de notícias ruins atinge a população do Rio Grande do Norte. São elementos construtivos de formação de gerações futuras. O que eles querem é jogar o futuro no caos e não podemos apoiar essa iniciativa. O Adurn se solidariza com os reitores que foram eleitos, cientes de que é uma luta dura. Há pessoas sem escrúpulos envolvidas e agora atacando de frente a educação. Precisamos de uma coalização de forças de toda a sociedade para resistir às intempéries que estamos passando no momento”, afirmou.

Diretora do Sindicato Nacional dos Técnicos de Nível Superior da IFEs (Atens) Ângela Lobo contextualizou o problema, destacando que o projeto de desmonte da educação ganhou corpo a partir do golpe que depôs da ex-presidente da República Dilma Rousseff:

– Desde o golpe, o projeto é extinguir as instituições públicas que permitem e trazem na sua forma de trabalhar o desenvolvimento do pensamento crítico, da liberdade de pensamento. O que esse governo não suporta é que haja o contraditório”, disse.

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