O núcleo do Rio Grande do Norte da Frente Evangélica divulgou nota criticando a perseguição política ao movimento dos Policiais Antifascismo, criticou o autoritarismo do governo Bolsonaro e denunciou um “gabinete do ódio” local.
Leia a nota na íntegra:
“Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, pois deles é o Reino dos céus”. (Mateus 5:10)
Nas corporações policiais no Brasil, dentre as distintas crenças, há muitos cristãos evangélicos. Desde que chegou ao poder, o Presidente Jair Bolsonaro, por meio de seu populismo autoritário tenta construir um verdadeiro Estado policial, em detrimento do Estado democrático de direito, vendendo a imagem de que policiais e evangélicos seriam todos conservadores e autoritários militantes de extrema-direita.
Como demonstração da inverdade de tal narrativa, existe neste país uma oposição e resistência democrática real ao “mito”, responsável indiretamente pela morte de mais de cem mil brasileiros, pela péssima gestão da trágica crise sanitária que historicamente passa o Brasil, com a pandemia da Covid-19. Essa resistência se faz visível tanto no ambiente virtual, nas redes sociais, como nas ruas, na medida em que a paulatina flexibilização das regras de isolamento social permite manifestações populares, como as que já foram realizadas pelas torcidas organizadas de times de futebol, nas grandes capitais.
Dentre os diversos movimentos de resistência, um deles se destaca: o Policiais Antifascismo. Assim como a Frente de Evangélicos, o movimento social composto por trabalhadores da segurança pública em todo país, dentre policiais civis e militares, municipais, estaduais e federais, homens e mulheres de farda ou distintivo, vem se notabilizando pela defesa da democracia e dos direitos humanos, pelo emprego da liberdade de expressão, pela proposta de reforma do aparato policial brasileiro, bem como pelo respeito aos mais basilares direitos fundamentais.
Por denunciar abusos, como as chamadas “carreatas da morte”, de apoiadores do presidente da república, que no auge da pandemia, no pico mais elevado de contaminações desafiaram as regras de distanciamento social, violando regras sanitárias de isolamento, e que culminaram em atos antidemocráticos que pediam a volta do AI-5, fechamento do Congresso Nacional e do STF e volta da ditadura, os Policiais Antifascismo agora são sistematicamente atacados. Um desses ataques resultou na instauração de um inquérito policial, por requisição do promotor de justiça Wendell Beethoven, com a esdrúxula acusação de que os militantes antifascistas seriam, na verdade, uma milícia ou organização armada paramilitar.
Nós, militantes sociais e integrantes de comunidades religiosas de diversas denominações, da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, manifestamos publicamente nosso repúdio à perseguição política que vem sofrendo o Movimento Policiais Antifascismo, sob o pretexto de investigação criminal.
Entendemos que falta justa causa para tal investigação e que a mesma é motivada tão somente por interesses políticos, vinculados a um “gabinete do ódio” local, composto por blogueiros e ativistas de extrema-direita nas redes sociais, que agora se locupletam de argumentos reacionários para perpetuar a cruzada antidemocrática do bolsonarismo, na criminalização dos movimentos sociais, através da pessoa de um representante do Ministério Público. Não podemos tolerar abusos e violações de direitos. Seguiremos firmes nos solidarizando, mobilizando e orando pelo fim das injustiças. Que cessem as perseguições!
Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito – Núcleo RN