Em um dia aparentemente comum na cidade de Apodi, no interior do Rio Grande do Norte, um momento singular e carregado de emoção aconteceu dentro da agência do Banco do Brasil. Pedro Rocha, hoje com 67 anos, atravessou a porta do banco com passos lentos, cabeça erguida e um chapéu antigo que herdou de seu pai. Mas o que tornava aquele instante especial não era a fila de clientes nem o atendimento bancário. Era a história por trás daquele homem.
Pela primeira vez em mais de quatro décadas, Pedro entrou em uma agência bancária não como criminoso, mas como cidadão. Sem fuzil nas mãos, sem touca ninja no rosto, sem a adrenalina de um assalto. Ele estava ali em paz — um momento que simbolizava o rompimento definitivo com um passado sombrio.
Com os olhos marejados, Pedro observou o local que, no passado, havia sido cenário de seus crimes. Em silêncio, desabafou consigo mesmo: “Tanto dinheiro que tirei daqui… e hoje não tenho nada.”
A frase, carregada de arrependimento, também revela um homem em transformação. Pedro vive hoje longe do mundo do crime, com a saúde debilitada e a consciência marcada por escolhas difíceis. Mas também é a prova viva de que, por mais severa que seja a cobrança da vida, ela ainda pode oferecer segundas chances.
A tocante trajetória de Pedro é uma das muitas narradas no livro “Por Detrás das Grades”, escrito pelo policial penal Márcio Morais, também de Apodi. A obra reúne histórias reais de pessoas que, como Pedro, trilharam caminhos tortuosos, mas encontraram no arrependimento e na superação uma nova maneira de viver.
Mais do que relatos sobre o sistema penitenciário, o livro é um convite à reflexão sobre justiça, humanidade e a capacidade de mudança. Porque, afinal, o crime não compensa — mas a redenção pode valer muito mais.

*Com informações do Apodi Agora
