Com pandemia, taxa de cobertura vacinal no país despenca e abre brecha para novos surtos

Com a pandemia de Covid-19, a cobertura vacinal no Brasil, que já vinha em queda nos últimos anos, despencou ainda mais em 2020, aumentando o risco de novos surtos de doenças preveníveis.

Análise inédita do Ieps (Instituto de Estudos para Políticas de Saúde), com base em dados do Ministério da Saúde atualizados até o dia 4 de abril último, mostra que menos da metade dos municípios brasileiros atingiu a meta estabelecida pelo PNI (Plano Nacional de Imunizações) para nove vacinas, entre elas as que protegem contra hepatites, poliomielite, tuberculose e sarampo.

Com exceção da pentavalente (contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e a bactéria Haemophilus influenzae tipo B), todas as demais apresentaram quedas preocupantes de cobertura. Os dados ainda podem mudar porque há atraso das notificações de alguns municípios.

A maior redução, de 16 pontos percentuais, foi da cobertura da vacina contra a hepatite B em crianças de até 30 dias. De 2019 a 2020, caiu de 78,6% para 62,8%.

As vacinas BCG (contra tuberculose) e tríplice viral primeira dose (contra sarampo, caxumba e rubéola) sofreram reduções de cerca de 14 e 15 pontos percentuais, respectivamente.

A queda de cobertura da vacina que protege contra poliomielite foi de 8,3 pontos percentuais —de 84,2% para 75,9%. Em 2015, o país tinha registrado cobertura de 98,3%. Para obter imunidade coletiva, é necessário uma taxa de vacinação de 95%.

“A gente corre o risco do ressurgimento de doenças se essa queda não for revertida. Quando as coisas voltarem ao normal e as aulas presenciais retornarem, doenças que já estavam controladas podem vir com muito mais força”, diz a economista Letícia Nunes, pesquisadora do Ieps e autora da análise.

Continue Lendo

Gostou? Compartilhe...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Mais Sobre Saúde

Rolar para cima