Por Daniel Menezes*
A história foi especialmente irônica com quem alçou médicos defensores de remédio para piolho contra covid durante a pandemia no RN. Agora parte desses médicos é antivacina. Eles gastam o seu tempo a repercutir notícias falsas sobre imunizantes e estudos inexistentes. Aliás, nada muito distinto do que fizeram com a ivermectina. A diferença é que eles estavam andando de mãos dadas com a cultura do curandeirismo anticiência e auto-medicação nacional. Também foram aproveitados em nível local por quem queria a reeleição do prefeito, que surfou na onda do populismo sanitário. Só que agora é diferente. O brasileiro gosta de vacina e, ao contrário do vermífugo, ela fez despencar o número de casos, internações e óbitos.
Não foi suficiente botar o povo para morrer na rua, enganando com uma falsa proteção. Não bastou lotar, conforme as pesquisas, os hospitais de pessoas que, ao se acharem imunizadas com a ivermectina seguindo os conselhos de médicos sem o menor conhecimento do que é a ciência, terminaram num leito de UTI e, não raro, num caixão. A tragédia virou uma escancarada farsa bizarra. Agora pintam as vacinas em suas redes sociais, quando elas não são derrubadas pelo espalhamento de conteúdo falso, como experimentais e perigosas. Grand finale.
Antes estrelas com presença constante na maioria dos veículos de comunicação, foram sumidos pois são a prova viva do que foi a pandemia por aqui. Quem foi o responsável objetivo por propagar informações mentirosas que levaram milhares à óbito jamais vai admitir. Mas basta ler o que escrevem e defendem agora médicos condenados ao ostracismo, diante daquilo que já ocuparam de espaço na esfera pública estadual, para saber a verdade.