O Seridó do Rio Grande do Norte é uma região de cozinha criativa e tradicional, com peculiaridades que atravessam gerações. Além dos mais famosos, como carne e queijo, o Seridó destaca-se com mesa farta quando trata-se de doces, entre eles o “alfenim”, que chegou ao Brasil através de embarcações portuguesas.
A antropóloga portuguesa, Maria Teresa Perdigão, está visitando cidades do Seridó, como Timbaúba dos Batistas e São João do Sabugi, para coletar informações que enriqueçam sua pesquisa em “Doçaria Açoriana Portuguesa”, destacando o alfenim, que também traz a criatividade nos mais variados formatos.
Na cidade de São João do Sabugi, a antropóloga esteve com as irmãs doceiras Gertrudes Morais e Terezinha Morais, filhas da saudosa América Medeiros, referência em artesanato e doçaria, que já herdou o aprendizado de sua mãe Maria Dionísia de Medeiros. Gertrudes Morais, “Tutuca”, falou sobre o modo de fazer e os formatos que fazia, como coelhos e pássaros.
“Maria Tereza ficou encantada com os detalhes, que em tudo coincidem com o alfenim de Portugal. Segundo ela, lá tem a tradição de fazer o alfenim em formato de animais, mas não vendem, fazem doação. O modo de fazer, contado por Tutuca é semelhante. Maria Tereza ainda conheceu as balas de cumaru, feitas por Terezinha”, disse Desterro Costa, da Secretaria de Cultura, que acompanhou o encontro.
O elo entre Portugal e família Medeiros também fez parte dos assuntos, em São João do Sabugi, que contou com a presença de José Marconi e Sr Edgar Horácio, pesquisador da genealogia seridoense. Sr Edgar levou um objeto que chegou ao Brasil, vindo dos Açores, trazido por antigos familiares dos Medeiros. Segundo Maria Teresa, trata-se de um objeto que integra rituais de festa religiosa nos Açores.
Maria Teresa foi a Timbaúba dos Batistas e São João do Sabugi através de Arysson Soares, de Timbaúba, entusiasta da cultura do Seridó. Em São João do Sabugi ela foi recepcionada por Desterro Costa e Elisângela Pereira, da Secretaria de Cultura.
Nesta quinta-feira, ela irá conhecer doceiras de Caicó e deve seguir para outros municípios.
Ana Jailma*