Com a geração de 2.000 empregos em Currais Novos, a mineradora Aura Minerals está em fase de conclusão da etapa de construção de suas instalações e infraestrutura no município, para o início da extração de ouro no primeiro trimestre do próximo ano. Trata-se do Projeto Borborema, que se destaca também pela implantação da infraestrutura para reuso de água. As informações sobre a execução e as etapas do projeto na região do Seridó do Rio Grande do Norte foram detalhadas, nesta sexta-feira (20), por diretores da empresa no estado à governadora Fátima Bezerra e ao secretário de Desenvolvimento Econômico, Sílvio Torquato.
“São boas notícias. O estado cumpriu seu papel com senso de responsabilidade, buscando e conquistando desenvolvimento, que gera emprego aliado à preservação do meio ambiente”, afirmou a governadora. “Esse é um aspecto muito importante, assegurar desenvolvimento para ampliar cada vez mais a geração de empregos”, acrescentou.
Ela ressaltou também que a licença de instalação à mineradora foi concedida no atual governo. “Fizemos o nosso dever de casa por intermédio de um diálogo permanente com a empresa, que atendeu aos critérios do Proedi [Programa de Estímulo ao Desenvolvimento Industrial] e, com isso, recebe o incentivo”, salientou. Ela citou também a atuação do prefeito de Currais Novos, Odon Júnior. “Foi um parceiro fundamental nesse diálogo institucional”, observou. O secretário de Desenvolvimento Econômico afirmou que o governo tem tratado com atenção as possíveis demandas da mineradora e isso foi essencial para garantir o empreendimento no estado.
O diretor de Operações da Aura Borborema, Fred Silva, informou que a mineradora está em fase final de construção do projeto e a previsão é que o início da produção de ouro ocorra no primeiro trimestre. “Atualmente, são dois mil empregos diretos”, citou. Ele disse que as práticas de saúde e segurança são observadas com rigor pela companhia. “Estamos há quase três milhões de horas sem nenhuma pessoa se acidentar no projeto”, comentou.
Fred Silva afirmou que o projeto de reuso da água da cidade de Currais Novos é pioneiro na mineração mundial. “Retiramos a água do esgoto, tratamos, dessalinizamos e operamos”, explicou. “Isso tudo graças à parceria com a Caern e o governo do estado. Isso reforça nosso compromisso com o Rio Grande do Norte”, ressaltou. A projeção, segundo o diretor de operações, é para produção de dois milhões de toneladas por ano.
Na ocasião, o diretor Fred Silva afirmou que, caso seja deferido o pedido feito pela empresa para realizar um desvio na BR-226, a produção de ouro da região poderá dobrar. A mina é projetada para extrair 83 mil onças de ouro anuais nos primeiros três anos, mas os números podem crescer. No entanto, o projeto enfrenta um obstáculo: o traçado da BR-226 atravessa uma área onde foi identificado um grande depósito de ouro. A empresa busca autorização do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), que analisa um projeto para fazer um desvio na rodovia.
A autarquia disse à reportagem da TRIBUNA DO NORTE que a empresa apresentou o projeto para um novo traçado para a BR-226, com 5,30 quilômetros de extensão. “Atualmente está na fase de projeto. A empresa apresentou o projeto básico, que está sendo analisado por esta autarquia. Posteriormente, será apresentado o projeto executivo. Após aprovado, as obras de implantação da variante poderão ser iniciadas, após processo administrativo de alteração do segmento no Sistema Nacional de Viação (SNV)”, disse em nota.
Estima-se que o desvio da rodovia permitirá a exploração de reservas que dobrariam a capacidade de produção da mina, alcançando 1,6 milhão de onças em dez anos. A mina Borborema está situada na Província Borborema, uma região reconhecida pela riqueza mineral. O depósito de ouro, classificado como orogênico, apresenta mineralização consistente, com veios de quartzo e sulfetos disseminados que garantem recuperações de ouro superiores a 92%. Com profundidade projetada de até 300 metros, a operação será realizada a céu aberto, mas há indícios de que a zona mineralizada se estende em profundidade, abrindo possibilidade para uma futura exploração subterrânea.
Estudos de sondagem realizados em 104.500 metros confirmam a continuidade do corpo mineral, que se estende por cerca de 3,5 quilômetros. Segundo especialistas, isso reduz significativamente os riscos do projeto e amplia seu horizonte operacional. Além disso, a infraestrutura da mina foi desenhada para minimizar impactos ambientais. O reaproveitamento de água e o baixo consumo de reagentes no circuito de processamento CIL (Carbon-in-Leach) destacam o compromisso da Aura Minerals com práticas sustentáveis.
TNonline*