IBAMA-RN quer levar debate sobre a desertificação do semiárido potiguar à COP30

A situação alarmante da desertificação no semiárido do Rio Grande do Norte ameaça regiões inteiras no Seridó, Oeste Potiguar e Alto Oeste, e coloca em risco a biodiversidade, os recursos hídricos e a qualidade de vida de milhões de pessoas. Os dados de instituições como o IBAMA, Ministério do Meio Ambiente, universidades e órgãos internacionais apontam que amplas áreas do estado já se encontram em estágio avançado de degradação, com perda da cobertura vegetal da Caatinga, erosão dos solos e processos que aceleram a transformação do território em áreas áridas.

Diante deste cenário, nesta quarta-feira (25), o Superintendente do IBAMA no Rio Grande do Norte, Rivaldo Fernandes, encaminhará uma “Carta de Natal” ao Embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, solicitando que o tema da desertificação e da preservação dos biomas secos, como a Caatinga, receba tratamento prioritário na conferência climática mundial que ocorrerá no Brasil.

A carta faz um apelo para que os compromissos internacionais de combate às mudanças climáticas contemplem ações específicas de enfrentamento à desertificação no semiárido nordestino, incluindo o financiamento de projetos de restauração ecológica, incentivo ao manejo sustentável da Caatinga e apoio à transição de modelos econômicos predatórios para atividades sustentáveis, resilientes e inclusivas. “Estamos lutando contra um processo silencioso e devastador, que ameaça transformar o semiárido potiguar em um deserto. Este não é apenas um problema regional, mas uma questão global de justiça climática e de direitos humanos”, afirma Rivaldo Fernandes.

O documento é fruto de um evento realizado em Natal, no último dia 17 de junho, promovido pelo IBAMA-RN, com a participação da Governadora do Estado, Fátima Bezerra, além de representantes de universidades, da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN), prefeituras, escolas, fundações, movimentos sociais, câmaras municipais, Assembleia Legislativa e outros diversos órgãos públicos e privados.

Em formato de apelo internacional, a Carta de Natal também destaca que a desertificação no semiárido nordestino, especialmente no Rio Grande do Norte, já produz impactos severos, como insegurança hídrica, perda de produtividade agrícola, migração forçada e aumento da pobreza rural. A expectativa das instituições é que a COP30, sob liderança do embaixador André Corrêa do Lago, promova avanços concretos para a proteção dos biomas secos do planeta, que historicamente recebem pouca visibilidade nas negociações internacionais sobre clima.

A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), acontece no próximo mês de novembro, em Belém – PA.

Grupo cobra criação do Fundo de Financiamento em Defesa da Caatinga para recuperação de áreas e conservação do solo

Durante o Seminário preparatório, realizado em Natal, a governadora Fátima Bezerra ressaltou a importância da discussão relacionada com a preservação da Caatinga e pediu celeridade na criação do Fundo de Financiamento em Defesa da Caatinga, cujo texto foi recentemente aprovado pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados. A proposta é que o fundo seja destinado ao financiamento de medidas como a recuperação de áreas degradadas, conservação de solo e água.“A Caatinga não é um bioma qualquer: é o único bioma exclusivamente brasileiro. Ela tem um papel fundamental no equilíbrio climático. E para que a gente possa conter o desmatamento, recuperá-la e preservá-la, tornam-se necessários recursos financeiros, daí a importância do Fundo de Financiamento”, disse a governadora.

Um dos pontos centrais do seminário em Natal foi a discussão sobre zerar o desmatamento em todos os biomas brasileiros até 2030. O superintendente do Ibama no Rio Grande do Norte, Rivaldo Fernandes, detalhou o que o Estado pretende levar para a COP30, no Pará. “Queremos chamar a atenção para a questão de que o semiárido pode virar um deserto, porque nós já temos uma área aqui, no Seridó, com o nível 3. O nível 3 é o último, é quando o solo está bastante castigado, e isso, combinado com um clima árido, então pode passar o mais rápido possível para um deserto”, afirmou Fernandes referindo-se a uma região entre os municípios de Acari, Carnaúba dos Dantas, Cruzeta, Currais Novos, Equador e Parelhas – com grau elevado de desertificação.

Também presente no seminário, o diretor do IDEMA, Werner Farkatt, explicou que a Caatinga é vista como um bioma que carrega conhecimentos e patrimônio genético. Ele pontuou a necessidade de fortalecer a articulação entre diferentes setores da sociedade para o enfrentamento da degradação do bioma. “Nós precisamos ter essa consciência de que nossos espaços estão mudando e as pessoas que ocupam esses espaços precisam ter qualidade de vida, ter toda essa relação com o ambiente como um todo”, encerrou.

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