Parece que do carnaval de Caicó em 2025 não ficou somente a ressaca e as boas lembranças dos foliões que lotaram as ruas do centro da cidade. Do ponto de vista administrativo, restaram multas a serem cobradas contra quem deveria ter cumprido as regras para a boa funcionalidade da festa e não cumpriram.
É sempre bom lembrar que todos os blocos e atrações artísticas que animaram os eventos do corredor da folia em Caicó foram pagas, em sua quase totalidade, com dinheiro público, a maior parte oriunda de emendas parlamentares e outras fontes de recursos financeiros municipal, estadual e federal.
Após a festa, as avaliações sobre os benefícios da realização do carnaval em Caicó são de que o evento momesco deixou milhões de reais na economia local, algumas mentes mais delirantes afirmam um montante de cem milhões, mas algumas questões não esclarecidas nem publicizadas, não explicam, por exemplo, o que foi feito das multas aplicadas e cobradas por decreto municipal, aos blocos que não cumpriram as regras no seu devido tempo. Quanto o município arrecadou com estas multas? Quem pagou? Quem não pagou?
De acordo com informações veiculadas na imprensa, a fiscalização municipal constatou atrasos em diversos blocos: Canguru, Pingo do Meio Dia (ACPIM) e Treme-Treme, o que resultou na lavratura de autos de infração e aplicação de multas. A soma do montante cobrado gira em torno de mais de cinquenta mil reais, isso porque, durante o Carnaval, a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Urbanos realizou fiscalização para garantir o cumprimento do decreto nº 1.149/2025 que estabelecia uma tolerância máxima de 30 minutos para a saída desses blocos carnavalescos, com penalidades para atrasos a quem não cumprisse esse tempo, e, segundo informações, os blocos citados não atenderam esta regra e alguns foram reincidentes.
Alguns questionamentos levantados em meio a estes conflitos de atrasos, transparência e cumprimento de regras levou o vereador de oposição Diogo Silva a entrar com requerimento na Câmara de Vereadores, solicitando que a Prefeitura Municipal preste informações do quanto já foi arrecadado com as multas aplicadas, isso, se tais multas vieram mesmo a serem pagas de acordo com o devido processo legal de aplicação e cobranças estabelecido pelo decreto carnavalesco em vigor.
O requerimento, obviamente, não foi aprovado pelos demais vereadores, aí já é pedir demais, transparência nunca foi o forte da Câmara Municipal, principalmente quando a maioria dos edis come no prato servido pelo chefe do Poder Executivo. Se as multas foram ou vão ser pagas, certamente isso deveria ter maior transparência, porque o jogo jogado para a realização do carnaval dribla muitos argumentos para convencer uma cidade inteira da necessidade dos gastos financeiros para bancar dez dias de festas, frevo e folia.
Ou será que, como a quarta-feira, tudo vai virar cinzas?