Por Antônio Neves – professor e historiador
PCdoB FRUSTADO
A mágoa do diretório estadual do PCdoB com a cúpula do PT potiguar continua. O vice-governador, Antenor Roberto não tem poupado críticas à forma como o partido da governadora Fátima Bezerra tem tratado os comunistas quanto a permanência destes na chapa majoritária para as eleições 2022. Fazendo uso do sofisma que as declarações exigem, Antenor poupa críticas a governadora, atribuindo a ela a defesa de uma tal chapa dos sonhos; pura retórica. Não há nada que tenha ocorrido sobre as escolhas e decisões que envolva os interesses políticos e eleitorais da governadora que não tenha sido com o aval da mesma, mas, por vias estratégicas, é melhor poupa-la da acusação de conivência disfarçada quanto ao tratamento que o partidão vem recebendo. Afinal, a mágoa política dos comunistas em relação ao PT não é de causar dor, apenas um passageiro mal estar, isso porque não há nada de novo nesse tipo de atitude anticomunista por parte dos petistas. São práticas reincidentes.
Até o mais leigo dos analistas políticos sabe que a cúpula estadual do PT não tem escrúpulos políticos quando o assunto é desconsiderar a importância e até o valor de aliados históricos como o PCdoB, que sempre foi leal e submisso a sua estrela, isso porque o PCdoB acostumou-se a viver à sombra do PT ao ponto de ser confundido com o mesmo. Para o PCdoB, o preço pelo peso dessa sombra foi uma crescente degeneração ideológica e abandono de parte da identidade partidária. Tudo ficou muito junto e misturado.
Apesar de frustrado, o vice-governador Antenor Roberto está coberto de razão, faz uma crítica política coerente com o pensamento da sua cúpula partidária, apenas esquece de considerar que a falta de respeito dos petistas em relação aos comunistas se dá pelo fato de que, para o PT, o tipo de política que hora se faz no Rio Grande do Norte já não prioriza mais os aliados leais e decentes de outrora, mas sim, as conveniências, e para isso existe o MDB.
SENADOR STYVENSON VALENTIM: POLÍTICA DE FICÇÃO.
Alguém precisa chamar o senador Styvenson a realidade e transportá-lo de volta ao tempo presente. Pelo que nos parece, ele acredita que ainda vive sob os holofotes midiáticos do tempo em que comandava blitz pelas ruas do RN e era considerado um herói fardado.
Eleito senador em 2018 apoiado na crise institucional que assolou a credibilidade de grandes lideranças do estado, pegando carona no discurso da negação da política e na criminalização dos partidos, sustentado na performance de super-herói do asfalto que a todos punia com a sua autoridade de guarda de trânsito, chegou ao estrelato do fenômeno eleitoral derrotando figuras como o então senador Garibaldi Filho (MDB).
Adotando abusivamente uma postura de durão, do tipo que não dialoga com ninguém, a não ser com aqueles que aplaudem seu discurso cheio de retórica disfarçada e uma despolitizada arrogância, o mesmo assumiu o mandado de senador desorientado do papel à cumprir, ignora as demandas do estado e constrói uma cortina de ferro antipolítica. O mito da lei de trânsito deu lugar a uma ficção parlamentar.
Talvez considerando-se o mais ungido de todos os atuais representantes do RN no Senado federal, sem absolutamente apresentar nada de novo na sua prática de renovação política prometida, o efêmero senador agora pleiteia ser governador do estado por uma legenda a quem não respeita nem dá satisfações e se comporta como estrela absoluta, talvez acreditando na repetição do fenômeno eleitoral que o elegeu em 2018.
Politicamente falando Styvenson é mais um desperdício eleitoral como foram tantos outros eleitos tidos como bandeira da renovação da política potiguar. Exemplos não faltam. No Senado, seu baixo desempenho até agora se destaca apenas pelas vezes que tem votado contra o povo, sob argumentos nada convincentes da defesa da moral da coisa pública e da independência política.
Certamente, como fiscal de trânsito estaria prestando um melhor serviço à sociedade potiguar, porém, se as urnas conseguirem trazê-lo de volta a realidade, ele verá que estará voltando da onde nunca deveria ter ido.